quinta-feira, 8 de setembro de 2011

FALTA DE INVESTIMENTOS E A CRIAÇÃO DE EMPREGOS



EDITORIAL
O ESTADO DE S. PAULO


A estatística sobre a criação de empregos formais mostrou desaceleração nos primeiros sete meses do ano, em relação ao mesmo período de 2010. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados 1.405.813 empregos, ou seja, 14,2% menos do que nos sete primeiros meses do mesmo período de 2010. A maior queda se registra na indústria de transformação (38,6%), enquanto se nota uma queda menor no setor dos serviços, que ocupa 32,5% do total da mão de obra com carteira de trabalho.
Há diversas razões para explicar essa evolução, que representa mais uma redução do número de trabalhadores com carteira de trabalho do que uma elevação do desemprego, que os dados do IBGE desmentem.
Nesta fase de dificuldades da concorrência diante da dificuldade do governo em aliviar o custo social das empresas, há um aumento dos empregados sem carteira assinada. Todavia, estamos pensando que a maior causa se encontra na falta de investimentos, especialmente aqueles que dependem do governo, como na infraestrutura e nos investimentos industriais.
No ano passado, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) havia acusado um crescimento de 21%, para um aumento de 7,1% do Produto Interno Bruto (PIB), uma relação de 3 para 1. Neste ano estamos num quadro totalmente diferente. O setor industrial, no ano passado, diante de uma demanda doméstica crescente e uma taxa cambial favorável à importação, tinha passado por uma fase de modernização das suas empresas. Neste ano está mais prudente e optou pela importação de componentes para apresentar preços mais baixos. Os investimentos do setor caíram e a utilização da capacidade de produção ficou muito estável.
Mas talvez seja do lado do setor público que se registra a maior queda. Nos sete primeiros meses do ano, os investimentos da União caíram, em valor real, 18%; e os das empresas estatais, 17,5%. Se considerarmos as despesas empenhadas (reservas orçamentárias), a queda é ainda mais sensível: R$ 28 bilhões, nos sete primeiros meses de 2010; e R$ 18,6 bilhões, neste ano.
Em nome da austeridade, o governo não reduziu as suas despesas de custeio, mas cortou os investimentos, sem os quais a economia é condenada à estagnação. Nesse sentido, o governo tem sido muito pouco keynesiano e está preferindo aumentar o poder de compra da população sem pensar que terá de enfrentar rapidamente sérias dificuldades por falta de investimentos.
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