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Diversificar as exportações
O Estado de S. Paulo
Do resultado da balança comercial brasileira em 2011, quando o superávit alcançou inesperados US$ 29,8 bilhões, a China foi responsável por nada menos do que 39%. O saldo positivo para o Brasil no comércio com os chineses no ano passado foi de US$ 11,5 bilhões, mais do dobro do superávit de 2010, de US$ 5,1 bilhões (aumento de 125%).
Esses resultados são auspiciosos - além de responsável por boa parte do superávit, a China tornou-se o maior comprador de produtos brasileiros -, mas também trazem alguns sinais de alerta para o governo brasileiro. Eles mostram que o Brasil se tornou altamente competitivo nos mercados de produtos primários e semimanufaturados, dos quais a China é grande importador, mas vem perdendo espaço nas exportações de produtos manufaturados.
"O desafio agora é diversificar nossa pauta exportadora", reconheceu a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Lacerda Prazeres, ao comentar os números do comércio entre Brasil e China, em entrevista ao canal estatal de televisão NBR.
Os números do comércio bilateral nos últimos anos mostram um crescimento muito rápido e uma tendência à concentração das exportações brasileiras em produtos primários e semimanufaturados e das vendas chinesas em produtos industrializados.
Em 2000, as exportações brasileiras para a China somaram US$ 1,1 bilhão (2% das exportações totais do País) e as importações originárias daquele país somaram US$ 1,2 bilhão (2% do total importado pelo Brasil naquele ano). Em 2011, o Brasil exportou para a China produtos no valor de US$ 44,3 bilhões (17,3% do total) e de lá importou US$ 32,8 bilhões (14,5% do total das importações).
Em 2000, os produtos básicos representavam 68% da pauta de exportações do Brasil para a China; em 2010, passavam de 84%, e minérios, oleaginosas e combustíveis minerais respondiam por cerca de três quartos das nossas vendas para aquele país. Nos primeiros anos da década passada, os produtos manufaturados chegaram a responder por quase 30% das exportações brasileiras para a China. Desde 2007, no entanto, representam menos de 10% do total e sua participação vem declinando.
Do lado das importações brasileiras, os produtos industrializados representavam 91% do total importado em 2000 e, em 2010, alcançavam praticamente a totalidade, com 98%. Os produtos chineses mais importantes na lista das importações brasileiras são máquinas e aparelhos elétricos, caldeiras e máquinas mecânicas e produtos químicos orgânicos. Ao contrário das exportações, porém, as importações de produtos chineses são diversificadas. Incluem, além dos produtos líderes, itens como tecidos de malha, ferro e aço, cerâmicos, veículos e tratores, móveis, plásticos e outros.
A persistência da crise econômica mundial já reduziu a demanda no exterior por produtos brasileiros e derrubou as cotações de importantes produtos da pauta de exportações do País. Em dezembro, o preço do minério de ferro, principal item de nossa pauta, era 1,8% menor do que em dezembro de 2010. Outros importantes produtos de exportação também registravam forte redução de preços, como celulose (queda de 9,5%) e soja em grão (recuo de 5%).
Esses dados estão sendo examinados com apreensão pelos técnicos do MDIC, pois, se mantida a tendência de queda dos preços, as exportações brasileiras serão fortemente atingidas em 2012. Além disso, há o risco de a economia chinesa reduzir de maneira notável seu crescimento, o que, pelo papel que a China passou a ter no comércio exterior brasileiro, igualmente afetaria a balança comercial.
Por causa disso, o governo já anunciou que prepara, para divulgar ainda no primeiro trimestre, um conjunto de medidas de estímulo às exportações de produtos manufaturados para reduzir a dependência da balança comercial dos produtos primários e semimanufaturados. O objetivo é aumentar a competitividade e reduzir custos, especialmente os financeiros. Há tempos os exportadores pedem medidas nessa direção.
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