Diego Abreu
Correio Braziliense - 27/10/2010
O Brasil continua sendo visto como um país corrupto. É o que mostra o relatório anual da ONG Transparência Internacional, que coloca o país com 3,7 pontos, em uma escala que vai de zero a 10. Quanto menor a nota, maior a percepção de corrupção no setor público. De acordo com o levantamento divulgado ontem, em Berlim, o Brasil ganhou seis posições em relação ao ranking de 2009 saltou do 75º lugar para o 69º. A pontuação do país, porém, manteve-se inalterada, o que indica uma situação desconfortável no cenário internacional.
A pontuação brasileira, segundo a ONG, afeta diretamente a batalha do país contra a instabilidade financeira. Em entrevista, o diretor regional para as Américas da Transparência Internacional, Alejandro Salas, destacou que não há o que se comemorar com o fato de o Brasil ter melhorado seis posições, pois foi apenas um reflexo da deterioração de outras nações.
A pontuação mostra que não houve melhora ou piora no Brasil e, assim como em outros países, reflete contradições entre modernizações e práticas antigas, analisou Salas. Em alguns setores, temos sofisticados sistemas de compras públicas eletrônicas, que reduzem as oportunidades de corrupção, e sinais importantes como a Lei da Ficha Limpa. Por outro lado, em muitos espaços de poder temos esquemas de compras de voto e nepotismo", acrescentou.
O índice é medido a partir de consultas feitas com empresários e analistas, que indicam suas percepções em relação aos servidores públicos. Três países dividem a liderança do ranking de países menos corruptos: Dinamarca, Nova Zelândia e Cingapura, com 9,3 pontos. O Chile aparece como o país latino-americano mais bem classificado, com 7,2 pontos, na 21ª colocação.
O Brasil está atrás de países da América Central, como Porto Rico (33º lugar, com 5,8) e Costa Rica (41º lugar, com 5,3). Mas tradicionais vizinhos brasileiros também foram mal avaliados, ficando muitas posições atrás do Brasil. Foram os casos da Argentina, com apenas 2,9 pontos e na 105ª posição, e a Venezuela, com 2 pontos e na 164ª colocação. Os piores classificados no índice geral foram países do Oriente Médio e da África.
O secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, considerou que o ranking expressa a realidade do Brasil. Sempre existem esforços, como o lançamento do Portal da Transparência do governo federal, que é uma boa iniciativa. Mas ainda há muito a ser feito, pois, infelizmente, ainda convivemos com escândalos que se sucedem, disse.
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