domingo, 13 de novembro de 2011

FORMAÇÃO DEFICIENTE


EDITORIAL
ZERO HORA(RS)



Em descompasso com o crescimento da economia, ampliou-se nos últimos anos a carência de mão de obra especializada nas mais diversas áreas. As perdas representadas pelas deficiências foram abordadas por lideranças empresariais e políticas durante o encontro Debates do Rio Grande promovido na última quarta-feira pela Rádio Gaúcha. A região em debate era a Metropolitana, mas as conclusões do painel são válidas para o Estado. Governos, em todos os níveis, e também as empresas subestimaram a capacidade de reação da produção, como decorrência da estabilização econômica, e investiram na formação profissional muito aquém das demandas, em especial da indústria. A abordagem, nesse caso, trata principalmente da formação média, cujas carências são acentuadas pelo crescimento e pela modernização da economia.

Um diagnóstico aceito pelo próprio governo federal, ao qual é atribuída a orientação política para os cursos técnicos, indica que a prioridade ao fortalecimento do Ensino Superior criou uma distorção. Nos últimos 10 anos, as matrículas nas universidades federais aumentaram 86%. As vagas nos cursos profissionalizantes não acompanharam esse ritmo. Desprezando a formação média, o governo impediu que milhares de jovens – e mesmo de profissionais já em atividade –, que não têm acesso à universidade, fossem habilitados às inovações tecnológicas. Também o setor privado deve reconhecer sua participação nesse retrocesso, pois as empresas devem igualmente participar do esforço pela atualização de seus funcionários, mesmo que se reconheça a importância das atividades das instituições do chamado Sistema S, formado por Senai, Sesi e Senac.

No Rio Grande do Sul, já foram identificadas carências crônicas de mão de obra qualificada em áreas como a construção civil, obrigada a importar trabalhadores de outros Estados. Lideranças locais devem trabalhar ao lado do setor público, para identificar deficiências e orientar as prioridades de escolas técnicas em criação no Brasil, dentro do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

A qualificação profissional deve ser medida não só pelos ganhos econômicos, mas também pelos impactos sociais, com melhoria de renda e qualidade de vida.
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