segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Emprego e escolaridade

Enquanto nossa formação de ensino médio não vier a capacitar os profissionais de todos os segmentos de nossa economia, não teremos condições de competitividade em mercado globalizado.
Neste particular estamos importando mão-de-obra estrangeira, a título de exemplo, para atividades em nossas plataformas de extração de petróleo por mera falta de capacitação interna.

 
Emprego e escolaridade

EDITORIAL - ZERO HORA (RS) - 13/10/2010

O Brasil vem registrando uma recuperação consistente na geração de empregos no mercado formal, mas não tem conseguido incluir as faixas de menor renda entre os beneficiários desse fenômeno. Mais uma vez, a explicação se deve à falta de escolaridade suficiente na parcela constituída por quem provém de famílias de ganhos reduzidos. O agravante é que o aumento no número de vagas veio acompanhado de uma competição muito intensa entre empresas por trabalhadores qualificados. Nesse ambiente, quem não está adequadamente preparado tem mais chance de ficar fora do mercado, constata o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em estudo a partir do qual fica sugerida a necessidade de atenção redobrada das políticas públicas na área educacional.

Ao comparar dados de agosto de 2004 com o de igual mês deste ano, o estudo constata que a taxa de desocupação nas regiões pesquisadas caiu de 11,4% para 6,7%. No mesmo período, o percentual de pessoas sem emprego na faixa de menores ganhos – renda per capita domiciliar inferior a R$ 203,3 mensais –, que já era alto, ficou maior ainda, elevando-se de 20,7% para 26,2%. A conclusão é óbvia: quem mais precisa de emprego, por se encontrar em situação econômica precária, é justamente quem tem dificuldade maior de obter uma oportunidade, por não contar com habilitação mínima. Isso significa que, além de garantir educação de qualidade para crianças e adolescentes, o país precisa encontrar alternativas para quem chegou ao mercado de trabalho com um reduzido número de anos de estudo.

A mesma pesquisa do Ipea revela que, entre a população de menor renda, apenas 41,8% dos desempregados frequentaram a escola por 11 anos ou mais. Na faixa de quem ganha mais, o percentual atinge 86,1%. Além de estudar menos, frequentemente quem vem de famílias menos privilegiadas sob o ponto de vista dos ganhos acaba tendo que se contentar com um ensino de qualidade inferior. Mais do que em qualquer outra área, essa é uma na qual deveria prevalecer sempre um padrão de qualidade, independentemente de as instituições de ensino serem públicas ou particulares.

As conclusões do levantamento são importantes principalmente por chamarem a atenção para o fato de que não basta apenas criar as condições para fazer a economia crescer de forma sustentada, favorecendo a geração de empregos. É preciso promover também maior aproximação entre integrantes dos ministérios do Trabalho e da área social, buscando contemplar a todos com ensino de qualidade. Sem essa preocupação, o risco real é de que o desemprego assuma proporções dramáticas, tornando mais difícil ainda o enfrentamento do problema, no conjunto da sociedade e na faixa de menores ganhos.
Além de garantir educação de qualidade para crianças e adolescentes, o país precisa encontrar alternativas para quem chegou ao mercado de trabalho com um reduzido número de anos de estudo.

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