O debate da TV Globo foi tão modorrento quanto uma partida de final de campeonato em que o empate desse a vitória aos dois times, se isso fosse possível. Nenhum dos dois principais concorrentes quis arriscar as posições já conquistadas. O tucano José Serra está convencido de que irá para o segundo turno no vácuo do crescimento da candidata do Partido Verde, Marina Silva, enquanto a candidata petista, Dilma Rousseff, considera que a fatura será liquidada já no primeiro turno.
Dois mundos paralelos que no domingo se encontrarão com a realidade das urnas.
Por isso, os dois não se confrontaram.
Só quem precisava manter o espírito competitivo em busca de aumentar sua penetração no eleitorado era Marina, não em busca de um utópico segundo lugar que levasse ao turno final “duas mulheres”, mas atrás do maior índice possível para ter poder de barganha num eventual segundo turno entre Serra e Dilma.
Entre os assessores do Partido Verde, a conta que se faz é que qualquer resultado que dê a ela entre 15% e 20% de votos válidos terá sido uma vitória.
Marina, levando a disputa para o segundo turno, terá quebrado a lógica da disputa plebiscitária planejada pelo presidente Lula, que demonstrou nessa eleição ser um grande estrategista político, mesmo que tenha reforçado esse seu pendor com o abuso do poder político que o cargo lhe confere e a leniência que o Tribunal Superior Eleitoral admite.
O decorrer da campanha eleitoral demonstrou que ele estava absolutamente certo ao não querer uma segunda candidatura do campo governista, como pretendia o deputado federal Ciro Gomes do PSB.
Além de ter provado que não precisava de um reforço para vencer o candidato tucano, Lula ainda se livrou de uma boa dor de cabeça ao escantear Ciro, pois com um aliado desses não é preciso adversário para criar problemas.
O deputado cearense foi dispensado por Lula com requintes de crueldade e, tendo transferido seu título eleitoral para São Paulo, não pode se candidatar nem a deputado federal.
O plano de Lula só teria tido um êxito mais completo se Ciro se dispusesse a disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo e fosse traído pelo petismo paulista, como fatalmente ocorreria.
O que não estava nos planos do estrategista Lula era a possibilidade de Marina Silva se lançar candidata com chances reais de se tornar um fator decisivo na definição da eleição.
Ela caminha para assumir esse papel, podendo levar a eleição para o segundo turno ou, mesmo que Dilma se eleja amanhã, comandando uma força política que não poderá ser menosprezada nas negociações de um futuro governo petista.
No último debate da TV Globo houve um detalhe adicional que refreou o ânimo dos dois principais contendores.
Assim como em todos os demais debates, quem faz a pergunta fica à mercê do adversário, pois o sistema prevê uma tréplica que dá ao perguntado a última palavra.
Essa seria a explicação técnica para que nem Serra nem Dilma tenham querido fazer perguntas diretas um ao outro em temas que pudessem criar problemas, como corrupção ou aborto. A palavra final ficaria sempre com o adversário, que teria assim condições de fixar sua posição diante do eleitorado.
Na vez em que Marina perguntou a Serra, ele ficou com a palavra final, quando a comparou a Dilma por causa do mensalão.
Paradoxalmente, o debate que mais permitiu aos candidatos falarem sobre temas específicos de governo, como segurança, habitação, transportes, superando assim a superficialidade dos debates acontecidos até aquele momento, foi o momento em que o eleitorado telespectador aguardava a confrontação dos dois mais votados.
Também Marina parece que esperava por esse ambiente mais tenso para tirar proveito dele, mostrando-se como a única que trata de programas sem se entregar aos factoides políticos.
Como, no entanto, nem Serra nem Dilma estavam dispostos a se enfrentar, o primeiro guardando energias para um segundo turno que considera certo, a segunda por se considerar já eleita no primeiro turno, Marina ficou meio deslocada.
Talvez tenha sido essa a razão para seu desempenho medíocre, surpreendida pela falta de agressividade dos seus adversários, ela que não tem o espírito agressivo ao fazer política.
Teve que partir para o ataque aos dois, a fim de roubar votos que aumentassem seu cacife eleitoral, e às vezes pareceu fora de tom.
Não houve escorregões dignos de nota, a não ser a confusão frasística de Dilma que trouxe à tona a lembrança das famosas contribuições não contabilizadas de Delúbio Soares no mensalão, provocando risos na platéia, e ninguém se sobressaiu no que foi o último embate da campanha eleitoral.
As posições ficaram congeladas, e domingo saberemos quem estava com a razão, se Dilma ou Serra.
O Supremo Tribunal Federal acabou tendo uma influência maléfica no processo eleitoral quando decidiu desqualificar o título eleitoral e ao não conseguir decidir sobre a lei da Ficha Limpa.
Depois de anos, suas excelências descobriram que falta uma fotografia no título eleitoral, o que podia propiciar que fosse usado por outra pessoa que não o titular.
Essa “descoberta” do Supremo leva a crer que muitos políticos foram eleitos irregularmente por causa da falta de uma fotografia no título eleitoral.
Ao mesmo tempo, mesmo preservando o espírito da lei que foi aprovada no Congresso com o apoio de todos os partidos políticos, inclusive o PT, e sancionada pelo presidente da República, o Supremo substituiu o Congresso na definição de que documento serve para coibir a fraude eleitoral, o que seria no mínimo desnecessário.
Já a não-decisão sobre a Ficha Limpa coloca no limbo milhões de votos, que poderão simplesmente ser anulados se a decisão final for a favor da aplicação imediata da lei, como, aliás, já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral.
Para culminar a semana “horribilis” do Supremo, houve o caso do genro do Ministro Ayres Britto, que enquanto estiver à solta no mercado advocatício prejudica a atuação do sogro, um ministro que tem dado provas de integridade e espírito público.
Dois mundos paralelos que no domingo se encontrarão com a realidade das urnas.
Por isso, os dois não se confrontaram.
Só quem precisava manter o espírito competitivo em busca de aumentar sua penetração no eleitorado era Marina, não em busca de um utópico segundo lugar que levasse ao turno final “duas mulheres”, mas atrás do maior índice possível para ter poder de barganha num eventual segundo turno entre Serra e Dilma.
Entre os assessores do Partido Verde, a conta que se faz é que qualquer resultado que dê a ela entre 15% e 20% de votos válidos terá sido uma vitória.
Marina, levando a disputa para o segundo turno, terá quebrado a lógica da disputa plebiscitária planejada pelo presidente Lula, que demonstrou nessa eleição ser um grande estrategista político, mesmo que tenha reforçado esse seu pendor com o abuso do poder político que o cargo lhe confere e a leniência que o Tribunal Superior Eleitoral admite.
O decorrer da campanha eleitoral demonstrou que ele estava absolutamente certo ao não querer uma segunda candidatura do campo governista, como pretendia o deputado federal Ciro Gomes do PSB.
Além de ter provado que não precisava de um reforço para vencer o candidato tucano, Lula ainda se livrou de uma boa dor de cabeça ao escantear Ciro, pois com um aliado desses não é preciso adversário para criar problemas.
O deputado cearense foi dispensado por Lula com requintes de crueldade e, tendo transferido seu título eleitoral para São Paulo, não pode se candidatar nem a deputado federal.
O plano de Lula só teria tido um êxito mais completo se Ciro se dispusesse a disputar uma vaga de deputado federal por São Paulo e fosse traído pelo petismo paulista, como fatalmente ocorreria.
O que não estava nos planos do estrategista Lula era a possibilidade de Marina Silva se lançar candidata com chances reais de se tornar um fator decisivo na definição da eleição.
Ela caminha para assumir esse papel, podendo levar a eleição para o segundo turno ou, mesmo que Dilma se eleja amanhã, comandando uma força política que não poderá ser menosprezada nas negociações de um futuro governo petista.
No último debate da TV Globo houve um detalhe adicional que refreou o ânimo dos dois principais contendores.
Assim como em todos os demais debates, quem faz a pergunta fica à mercê do adversário, pois o sistema prevê uma tréplica que dá ao perguntado a última palavra.
Essa seria a explicação técnica para que nem Serra nem Dilma tenham querido fazer perguntas diretas um ao outro em temas que pudessem criar problemas, como corrupção ou aborto. A palavra final ficaria sempre com o adversário, que teria assim condições de fixar sua posição diante do eleitorado.
Na vez em que Marina perguntou a Serra, ele ficou com a palavra final, quando a comparou a Dilma por causa do mensalão.
Paradoxalmente, o debate que mais permitiu aos candidatos falarem sobre temas específicos de governo, como segurança, habitação, transportes, superando assim a superficialidade dos debates acontecidos até aquele momento, foi o momento em que o eleitorado telespectador aguardava a confrontação dos dois mais votados.
Também Marina parece que esperava por esse ambiente mais tenso para tirar proveito dele, mostrando-se como a única que trata de programas sem se entregar aos factoides políticos.
Como, no entanto, nem Serra nem Dilma estavam dispostos a se enfrentar, o primeiro guardando energias para um segundo turno que considera certo, a segunda por se considerar já eleita no primeiro turno, Marina ficou meio deslocada.
Talvez tenha sido essa a razão para seu desempenho medíocre, surpreendida pela falta de agressividade dos seus adversários, ela que não tem o espírito agressivo ao fazer política.
Teve que partir para o ataque aos dois, a fim de roubar votos que aumentassem seu cacife eleitoral, e às vezes pareceu fora de tom.
Não houve escorregões dignos de nota, a não ser a confusão frasística de Dilma que trouxe à tona a lembrança das famosas contribuições não contabilizadas de Delúbio Soares no mensalão, provocando risos na platéia, e ninguém se sobressaiu no que foi o último embate da campanha eleitoral.
As posições ficaram congeladas, e domingo saberemos quem estava com a razão, se Dilma ou Serra.
O Supremo Tribunal Federal acabou tendo uma influência maléfica no processo eleitoral quando decidiu desqualificar o título eleitoral e ao não conseguir decidir sobre a lei da Ficha Limpa.
Depois de anos, suas excelências descobriram que falta uma fotografia no título eleitoral, o que podia propiciar que fosse usado por outra pessoa que não o titular.
Essa “descoberta” do Supremo leva a crer que muitos políticos foram eleitos irregularmente por causa da falta de uma fotografia no título eleitoral.
Ao mesmo tempo, mesmo preservando o espírito da lei que foi aprovada no Congresso com o apoio de todos os partidos políticos, inclusive o PT, e sancionada pelo presidente da República, o Supremo substituiu o Congresso na definição de que documento serve para coibir a fraude eleitoral, o que seria no mínimo desnecessário.
Já a não-decisão sobre a Ficha Limpa coloca no limbo milhões de votos, que poderão simplesmente ser anulados se a decisão final for a favor da aplicação imediata da lei, como, aliás, já decidiu o Tribunal Superior Eleitoral.
Para culminar a semana “horribilis” do Supremo, houve o caso do genro do Ministro Ayres Britto, que enquanto estiver à solta no mercado advocatício prejudica a atuação do sogro, um ministro que tem dado provas de integridade e espírito público.
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