sábado, 16 de janeiro de 2010

De trás para a frente



Não é um poema, não é uma prosa, é apenas uma digressão sobre nossa condição social e econômica.
Quando você vê uma pessoa nos sinais de trânsito, nas ruas, pedindo ou querendo limpar seu pára-brisas, você fica com medo, não é? Em plena luz do dia e você achando que poderá ser vítima da violência urbana.

Por que, então existe a violência urbana...melhor, por que, então, eles estão ali. Porque a maioria não consegue estar ocupada, com um emprego regular. Por que isto acontece? Dentre muitos motivos é que toda e qualquer cidade tem uma capacidade máxima de ocupação de postos de trabalho em função de mercado.

Por que, então, não se amplia este mercado? Um dos motivos é a carga tributária, ou seja, os impostos retirados das transações financeiras.

Por que, então, saem os impostos desta forma? Porque o Estado perdeu a capacidade de investir na produção e nos meios que possibilitam a produção. Por que isto acontece? Porque, ultimamente, o Estado tem investido demais em bem-estar social e muito menos no incentivo à produção. Esta redução mais os impostos diminuem o dinheiro circulante que possibilita uma melhor capacidade de compra de bens e serviços que, por sua vez, diminui a oferta de empregos, de criação de postos de trabalho, que faz o homem andar pelas ruas a fim de conseguir dinheiro para levar para casa e alimentar sua família.

Olhando por outro lado, este homem desocupado, via de regra veio de uma cidade do interior. Por que ele saiu de lá? Porque lá ele também não tinha qualquer condição de conseguir um trabalho.

Os motivos comuns para esta emigração de suas raízes geográficas: Ele não consegue trabalho porque não consegue se educar. Isto pode ocorrer porque ele não conseguiu ter uma boa nutrição ao longo de sua vida, ou porque não conseguiu ter um bom acompanhamento de sua saúde, ou mesmo porque não teve a oportunidade de ter um bom ensino. E por que isto acontece? Porque até mesmo os seus eventuais professores, profissionais de saúde e outros não tiveram uma chance de se capacitar de forma adequada pelos mesmos motivos acima.

O que, então, é necessário para que eles tenham tudo isto e não venham a abandonar suas regiões e se fixarem nos bolsões marginais das grandes cidades ficando desempregados e, eventualmente, ameaçando as pessoas? Duas são as causas básicas.

Se houver o fornecimento de energia elétrica regular e de qualidade as escolas funcionam, os hospitais podem fornecer um tratamento de saúde adequado e se a energia elétrica for confiável, até cirurgias complexas podem ser realizadas sem remover o indivíduo para uma grande cidade. A energia também permite um expressivo aumento de produção de bens e de serviços que podem gerar postos de trabalho e reter o homem em sua região evitando que ele imigre para regiões mais pobres dos grandes centros.

Mas a energia elétrica, estável e de qualidade requer meios e vias de circulação sustentáveis, em tempos de seca e de chuva. Assim, estradas, ferrovias, pontes, eclusas e todos os meios de circulação permitem cargas e serviços circularem em carretas, caminhões, ônibus e trens.

E porque não temos isto? Por causa dos modelos de desenvolvimento escolhidos após o governo do Pres. Sarney. Não só por ele, mas por todos os 26 governadores e 5640 prefeitos. Também, fundamentalmente, por causa dos movimentos em favor da preservação do meio-ambiente.


Assim, amigos, energia elétrica depende de meios de circulação, que possibilitam, juntos, a construção de casas e geração de empregos. Energia, estradas e moradias, infelizmente, são construídos retirando-se seus insumos do meio-ambiente.


Desta forma, esta simples digressão é um convite à reflexão.
Olhando-se o mapa de impedância da acessibilidade  , obtida em apresentações de órgãos governamentais, vê-se que a atividade econômica se viabiliza próximo ao litoral. Quanto mais se desloca para o interior do país aumentam os índices de impedância à acessibilidade.


Assim, de forma muito pragmática, quase matemática, digo que não seremos a quinta economia em 2015,  sequer reduziremos a pobreza aos níveis do primeiro mundo em 2016   ,                                                                                                                 mesmo porque o próprio governante que isto declara baixou um decreto reduzindo as emissões de CO2 em 38% até 2020. Ou se preocupa com a segurança e o desenvolvimento ou com o meio-ambiente.

Assim, amigos, quando vocês se depararem com um desempregado tentando “defender o dele” pensem nisto tudo.

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