Amigos, o que a vida me ensinou é que contra biotipo e idiossincrasia não se briga, jamais as mudaremos, o que temos que fazer é buscar meios de conviver e prosseguir com elas, assim...
O constante conflito entre a iniciativa privada e a demanda pública requer a presença do Estado protegendo o cidadão dos excessos do primeiro, seja ele nacional e, sobretudo, internacional.
O constante conflito entre a iniciativa privada e a demanda pública requer a presença do Estado protegendo o cidadão dos excessos do primeiro, seja ele nacional e, sobretudo, internacional.
Nosso país é muito rico e novo, muito novo, um garotinho vivendo e se sobressaindo entre as demais nações mais velhas que vieram ao mundo dominando os mais novos e mais fracos.
Os mais novos hoje são o que detém a maior quantidade de riquezas em potencial, potencial que não deve ser desperdiçada.
Nesta dimensão ressalta-se a presença do político, o tradutor da vontade da polis e seus cidadãos contra as vontades da iniciativa privada internacional que intervém na nacional.
Aí os políticos começam a estabelecer regras nesta convivência por intermédio de leis.
Ao invés de se deixar a execução dessas leis nas mãos de profissionais de cada área, os políticos profissionais, como diz o filósofo Carvalho, apoderam-se dos recursos arbitrados e geridos pela máquina pública que existe para proteger o cidadão, mas no nosso caso, o cidadão, imerso na idiossincrasia herdada latino-americana, impregnada da percepção de que a Igreja e o Estado cuidariam do bem público e comum, elege, a cada quatro anos, um procurador, um despachante para cuidar de assuntos que lhe são caros, depois, reclama por não acompanhar muito de perto o trabalho dos políticos que ele elegeu para ser seu representante no eterno embate entre o público e o privado e desinteressa-se por achar que nada tem jeito. Não se gosta de discutir política pois cansa e, ademais, fica-se sempre com a impressão de que os humildes quando ascendem ao poder são, constantemente, pressionados pelas elites que os obriga a fazer o que eles bem entendem. O que não se percebe, ainda, que nossas elites ao longo dos anos está cheia de humildes que ascenderam ao poder e, via cargos políticos e públicos, se locupletaram com todos os recursos e patrimônios da sociedade e sempre dizendo que nada podem fazer para mudar por pressões das elites.
E assim prosseguimos nossa vidinha de pacatos e incautos cidadãos sempre sendo a esperança de um grande país e sociedade que requer, fundamentalmente, uma sociedade atuante que se dá ao trabalho de viver a democracia.
E assim prosseguimos nossa vidinha de pacatos e incautos cidadãos sempre sendo a esperança de um grande país e sociedade que requer, fundamentalmente, uma sociedade atuante que se dá ao trabalho de viver a democracia.
O retrato da nossa situação atual está magnificamente bem escrito no texto abaixo.
Vale a pena ler e pensar, como ele sugere.
Pensem nisso
Olavo de Carvalho - Diário do Comércio, 5 de janeiro de 2010
Um dos traços constantes da vida brasileira é a coexistência de dois tipos de política heterogêneos e incomunicáveis: de um lado, a política profissional cuja única finalidade é o acesso a cargos públicos, compreendidos como posições privilegiadas para a conquista de benefícios pessoais ou grupais (acompanhados ou não de boas intenções de governo); de outro, a política revolucionária, empenhada na conquista do poder total sobre a sociedade e na introdução de mudanças estruturais irreversíveis.
A segunda usa ocasionalmente os instrumentos da primeira, mas sobretudo cria os seus próprios, desconhecidos dela. Os movimentos sociais , o adestramento de formidáveis massas militantes dispostas a tudo, a ocupação de espaços não só na administração federal mas em todas as áreas estrategicamente vitais e, last not least, a conquista da hegemonia cultural estão entre esses instrumentos, que para o político profissional são distantes e até incompreensíveis, tão obsessiva e autocastradora é a sua concentração na mera disputa de cargos eleitorais.
As próximas eleições presidenciais vão opor, numa disputa desigual, as armas da política revolucionária às da política profissional . Estas últimas consistem apenas no meios usuais de propaganda eleitoral, enquanto as daquela abrangem o domínio sistêmico de todos os meios disponíveis de ação sobre a sociedade: o político profissional tem a seu favor apenas os eleitores, que se manifestam uma vez a cada quatro anos e depois o esquecem ou passam a odiá-lo. O revolucionário tem a vasta militância organizada, devotada a uma luta diária e constante, pronta a matar e morrer por aquele que personifica as suas aspirações.
Nas últimas décadas a expansão maciça da política revolucionária colocou os políticos profissionais numa posição de impotência quase absoluta, que reduz a praticamente nada as vantagens de uma eventual vitória nas eleições.
Se eleito, o Sr. Jose Serra terá de comandar uma máquina estatal dominada de alto a baixo pelos seus adversários, a começar pelos oito juízes lulistas do Supremo Tribunal Federal. O PT e seus partidos aliados comandam, além disso, uma rede de organizações militantes com alguns milhões de membros devotos, prontos a ocupar as ruas gritando slogans contra o novo presidente ao primeiro chamado de seus líderes. Comandam também o operariado de todas as indústrias estratégicas e a rede de acampamentos do MST espalhados ao longo de todas as principais rodovias federais e estaduais: podem paralisar o país inteiro da noite para o dia. Reinam, ademais sobre um ambiente psicossocial inteiramente seduzido pelos seus estereótipos e palavras de ordem, a que nem mesmo seus mais enfezados inimigos ousam se opor frontalmente.
Somente a política revolucionária entende o que é o poder na sua acepção substantiva. O velho tipo do político profissional entende apenas a disputa de cargos, confunde o mandato legal com a posse efetiva do poder. Sem militância, sem ocupação de espaços, sem guerra cultural, não há domínio do poder. Fernando Collor de Mello pagou caro por ignorar essa distinção elementar: confiou na iniciativa espontânea de seus eleitores massa espalhada e amorfa, incapaz de fazer face à força organizada da militância.
Não vejo no horizonte o menor sinal de que os adeptos do Sr. José Serra tenham aprendido a lição: hipnotizados pela esperança da vitória eleitoral, não vêem que tudo o que estão querendo é colocar na presidência um homem isolado, sem apoio militante, escorado tão somente na força difusa e simbólica da opinião pública -- um homem que, à menor sombra de deslize, terá contra si o ódio da militância revolucionária explodindo nas ruas e será varrido do cenário político com a mesma facilidade com que o foi o ex-presidente Collor.
Há pelo menos vinte anos venho advertindo aos próceres antipetistas que o voto, ainda que avassaladoramente majoritário, não garante ninguém no poder: o que garante é militância, é massa organizada, disposta a apoiar o eleito não só no breve instante do voto mas todos os dias e por todos os meios. Vejam a situação da governadora do Rio Grande do Sul e entenderão o que estou dizendo: quando a oposição se vangloriou de ter varrido o PT do Estado gaúcho , não percebeu que o expulsara somente de um cargo público.
Não desprezo as vitórias eleitorais, mas sei que, por si, elas nada decidem a longo prazo. E não vejo que, até agora, as forças de oposição tenham tomado consciência disso.
É triste ter que concordar com o quê está escrito. Pois verifico a nossa total impotencia perante estes pseudos políticos.
ResponderExcluirParabens Jefferson pela transcrição desse excelente texto. Ao mesmo tempo que preocupa o texto coloca a descoberto uma característica da política pouco divulgada. Acredito que a existência de numerosos partidos provoca a diluição da fidelidade partidária. Acredito também que politização do nosso povo é pequena e até certo ponto inócua. Dizem que o governo pretende substituir a eleição majoritária pelo plebiscito. Não seria um indicativo de dúvida da vitória na proxima eleição?
ResponderExcluirAbraços a todos.
Caro amigo,
ResponderExcluirO que mais me dói é saber que entre "eleitores", poucos lerão este texto(acharão muito longo, chamarão de teoria da conspiração e etc), porém um "militante" o leria de cabo a rabo e ainda faria considerações.Talvez esteja aí a nossa salvação, ou seria redenção? Transformarmo-nos todos, os inconformados com o que vemos, em verdadeiros militantes.
Forte abraço do amigo Alves.