segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Haiti: Brasil e EUA voltam a divergir

Amigos, há tanta coisa importante para ser noticiada, tantas experiências que podem advir desta catástrofe, seja para antecipar a mitigação de desastres naturais seja para aprender acerca de reinserção de pessoas na sociedade, sendo estes objetivos complexos, que precisam ser bem conduzidos e todos os problemas de percurso bastante esclarecidos e colocados aos leitores do mundo de forma clara.


Somente a mídia, neste trágico momento, tem condições de espalhar seus vetores no seio da população e dos locais de mais difícil acesso para acompanhar os trabalhos de ajuda humanitária, ouvir os atendidos, sugerir correção de eventuais problemas e divulgar o que realmente interessa.


O dano já ocorreu e pode-se aproveitar o que está acontecendo para ajudar os países no mundo para se prepararem para outras tragédias, onde se dar prioridade para investir, processos de preparação de mitigação, caminhos legais para se receber e liberar recursos e quem melhor os receberá, como aplicará e controlará o dinheiro dos outros que vem em auxílio.


Neste momento somente a mídia pode fazer este bom trabalho. Mas veja o que a nossa mídia está fazendo: Perdendo um precioso tempo em gerar factóides e o que segue abaixo é um deles.
Que desperdício de tempo e de talento. Aliás, que vergonha.


Brasil e EUA voltam a divergir


Em ação conjunta, militares trocam farpas sobre comando de missão
Leandro Colon
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100125/not_imp500891,0.php


O primeiro encontro oficial entre tropas brasileiras e americanas no Haiti deu o tom do clima de divergência entre as duas partes. Sobraram trocas de recados. O general brasileiro Floriano Peixoto Vieira Neto, chefe militar da missão da ONU no país, reforçou que a ajuda aos haitianos - incluindo a segurança - é liderada pela Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), cujo maior contingente é do Brasil. "Cada parte é muito bem definida, por meio de protocolo de entendimento, assinado pelas duas partes, o que nós faremos aqui", afirmou. 


Ao seu lado, o general Ken Keen, que lidera as forças dos EUA, deixou claro que não há subordinação à ONU e avisou que não há prazo para deixar o país. "O presidente Barack Obama nos mandou para cá para dar assistência ao governo do Haiti e estaremos aqui até quando eles precisarem", afirmou. Questionado sobre as pretensões dos EUA em assumir a segurança, Keen foi enfático: "Isso é ridículo." Segundo ele, há 3,7 mil soldados americanos em terra hoje no Haiti. Oficialmente, cabe aos EUA apenas a tarefa de ajuda humanitária. 


Os militares dos dois países se juntaram ontem para distribuir 13 toneladas de comida e 15 mil litros de água em Cité Soleil, região mais pobre da capital. O cenário de entrega de comida era tipicamente haitiano: fumaça, casas de lona, lixo a céu aberto, porcos e seres humanos dividindo o mesmo espaço. Entre os soldados de cada país, poucas palavras. Os americanos não falavam português, e a maioria dos brasileiros apenas arriscava algumas palavras em inglês. 


Enquanto isso, o general Floriano Peixoto percorreu a favela com o colega Ken Keen. Abordados pelos jornalistas, buscaram a cordialidade, mas não conseguiram disfarçar a divergência de conceito hierárquico na ação no Haiti. Uma jornalista questionou o general Floriano, na presença de Keen, sobre a polêmica em torno da segurança. Peixoto irritou-se, lembrou que há um acordo de tarefas e posicionou-se: "Eu sou o responsável pela parte militar da Minustah." Em seguida, tentou amenizar a crise diplomática: "O relacionamento é extremamente positivo." O discurso de Peixoto tem sido semelhante ao do ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. Em visita ao Haiti no sábado, Amorim voltou a valorizar a posição majoritária do Brasil no país. Apesar de afirmar que se reporta apenas ao governo do Haiti, o general americano disse que os EUA são parceiros do Programa Mundial de Alimentos (WFP) da ONU. "Sem esta colaboração, não estaríamos aptos a fazer chegar a ajuda", afirmou Ken Keen, que elogiou as tropas brasileiras. "O Brasil tem bons soldados, extremamente profissionais. Estão entre os melhores do mundo", disse ele, que já morou no País.
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