No momento em que o mundo começa, na cidade japonesa de Nagoya, mais uma etapa de suas discussões sobre a salvação do planeta, ameaçado pelo aquecimento global, essa questão viveu momentos contraditórios no Brasil. Após ter feito quase 20 milhões de votos com a bandeira da defesa do ambiente e de ter sido decisiva para a realização de um segundo turno na eleição presidencial brasileira, as teses e os programas de Marina Silva não conseguiram empolgar os dois candidatos remanescentes. Ao contrário. Segundo levantamento do jornal O Globo, menos de 2% do tempo da campanha de Dilma Rousseff e de José Serra foi dedicado às questões ambientais. A importância do tema é universalmente considerada como algo que interessa não só ao futuro da economia e da vida da sociedade do século 21. É também uma questão da sobrevivência da própria espécie humana. O que o Brasil precisa ouvir dos candidatos Dilma e Serra é como pretendem tornar compatíveis as exigências ecológicas e ambientais com as promessas de desenvolvimento.
A síntese expressa no chamado desenvolvimento sustentável precisa ser mais explicitada. Não basta entender essa expressão como o efeito de políticas estruturais em que o crescimento econômico e o progresso se dão sem riscos e sem oscilações cambiais, é preciso também que o sustentável signifique a preocupação com o uso eficiente dos recursos naturais, com vistas à preservação ambiental. É sintomático que, neste aspecto, o aquecimento global, as metas ambientais do Compromisso de Kyoto e das demais reuniões internacionais, as emissões de carbono, o desmatamento e as queimadas sejam palavras e temas praticamente ausentes dos debates eleitorais.
Nos comandos das campanhas, as promessas de mais fábricas, mais usinas e mais estradas são consideradas mais atraentes para a conquista de eleitores. Para serem honestos em relação ao país e a seu futuro, os dois candidatos deveriam abordar também o reflexo desses projetos sobre o ambiente. Cada vez mais o progresso deverá ser também ecológico, num esforço brasileiro e mundial de preservar o planeta para as próximas gerações.
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