Venezuela, Chávez, Franklin Martins no Brasil, Argentina, logo logo virão Equador e Bolívia.
É um encadeamento doutrinário, não tenham dúvida.
Vale a pena acompanhar, se a Argentina entrar em crise não sairemos ilesos.
Cristina fala em 'nacionalizar' a mídia
Ariel Palacios - O Estado de S. Paulo - 20/10/2010
A presidente Cristina Kirchner propôs ontem a "nacionalização" dos meios de comunicação, que, na sua visão, não têm atendido aos "interesses nacionais". Sem deixar transparecer intenções mais claras, contudo, Cristina foi enfática ao ressaltar que não pretende "estatizar" a mídia.
Segundo a presidente - que há dois anos alerta constantemente sobre um hipotético "golpe de estado" preparado pela mídia em conjunto com a oposição -, "seria importante nacionalizar os meios de comunicação para que eles tenham consciência nacional e defendam os interesses do país".
Ela criticou especificamente o fato de haver "tantos microfones e câmeras de TV sobre os problemas do crescimento econômico (de hoje)", enquanto os veículos da mídia "acobertaram, ignoraram e muitas vezes foram cúmplices da política de entrega e subordinação sem dizer uma só palavra ou tirar uma só foto".
"Às vezes penso que seria interessante nacionalizar; não estatizar. É melhor que isso fique claro para que amanhã ninguém dê uma manchete errada", destacou com o dedo em riste, sem explicar a sutileza.
Em várias outras ocasiões, Cristina acusara a mídia - especialmente os jornais Clarín e La Nación - de "cumplicidade com os interesses estrangeiros". Para ela, os jornais respaldam a suposta intenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de controlar a política econômica argentina.
No discurso de ontem, Cristina mostrou-se como vítima da mídia ao afirmar que continuará apostando "nos interesses da Argentina" e no "modelo virtuoso" de sua administração, apesar do que chamou de "ataques dos meios de comunicação".
A presidente é conhecida por aproveitar qualquer cerimônia ou comício para lançar críticas contra o jornalismo. Ontem, as declarações sobre "nacionalização" da mídia foram feitas durante a inauguração de uma fábrica têxtil na cidade de Mercedes, na Província de Buenos Aires.
Recentemente, durante a cerimônia de ampliação da produção de um laboratório na cidade de La Plata aproveitou a exibição de vacinas antirrábicas para ressaltar que "muitos jornalistas deveriam tomar esta vacina".
A relação de Cristina e seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), com a mídia sempre foi tensa. Nos últimos sete anos os Kirchners favoreceram grupos de mídia alinhados com o governo com publicidade oficial, pressionaram jornais críticos e aprovaram - em meio a denúncias de compra de votos - uma polêmica Lei de Mídia, que restringe a atuação dos canais de TV e redes de rádio.
Os conflitos se intensificaram a partir de 2008, quando Cristina afirmou que a mídia pretendia derrubá-la. No início deste ano, ela afirmou que era vítima de um "fuzilamento midiático".
Repúdio. A Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (Adepa) repudiou as "persistentes ofensas" contra jornalistas e meios de comunicação por parte de altos funcionários do governo de Cristina. Segundo a entidade, a presidente - desde que começou a usar o a rede de microblogs Twitter há um mês - "multiplicou as ironias e injúrias" contra empresas e profissionais de mídia. Segundo a Adepa, "a informalidade própria do Twitter não diminui a gravidade das mensagens que são transmitidas por intermédio dele".
A presidente costuma criticar também a Justiça Federal - que suspendeu várias medidas do governo, incluindo a maior parte da Lei de Mídia -, sugerindo que existem conexões irregulares entre juízes e jornalistas.
Crítica presidencial
CRISTINA KIRCHNER - PRESIDENTE ARGENTINA
"Seria importante nacionalizar os meios de comunicação para que adquiram consciência nacional e defendam os interesses do país"
"Às vezes, penso que seria interessante nacionalizar - não estatizar. É melhor que isso fique claro para que, amanhã, ninguém dê uma manchete errada"
CERCO À IMPRENSA
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