O crime organizado tem mais que o dobro de armas que as forças policiais no Brasil. A estimativa, que é assustadora, foi publicada em forma de alerta pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra e pela organização não governamental Viva Rio. A questão tem que ver com vários problemas, todos eles constitutivos da tragédia da segurança pública em nosso país: a lei de desarmamento, o contrabando de armas, o crime organizado, o insuficiente preparo das polícias, o tráfico de drogas etc. Diante dessas constatações, especialmente quanto ao arsenal de que o crime dispõe, o país não pode deixar de olhar com atenção, por questões de segurança pública, para cada um dos aspectos envolvidos e adotar medidas preventivas e repressivas para impedir que a bandidagem se abasteça de armas ilegais em condições de sobrepor-se às instituições policiais e militares quanto à capacidade de fogo.
A presença de armas ilegais ou com porte não legalizado não constitui novidade no país. O fato novo poderia ser a permanência dessa situação depois que o Brasil discutiu a lei de desarmamento, levou o tema a um referendo e promoveu campanhas, algumas aparentemente bem-sucedidas, de recolhimento das armas em poder de civis. Mas nem isso ocorreu, e a constatação do relatório das duas instituições citadas é de que há algo ainda mais grave: o número de armas ilegais, em vez de permanecer estável ou de diminuir, aumentou.
O documento precisa render reflexões para as autoridades atuais e futuras. Os controles públicos em relação à comercialização das armas e sua circulação são, quando existentes, precários, incapazes de impor as restrições que a lei determina. Em meio ao tiroteio das últimas semanas da campanha presidencial, parece não ter sobrado espaço ou interesse para este tema permanente.
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