A cidade de Fernandópolis, no interior de São Paulo, ganhou as páginas dos jornais em 2007 ao instituir o toque de recolher para adolescentes, a partir das 22 horas. O polêmico sistema não só vigora até hoje como a prefeitura da cidade volta a chamar a atenção com uma proposta curiosa. Ela quer que os alunos que atingem um determinado número de faltas passem a acompanhar as aulas acompanhados dos pais, dentro da sala.
A despeito do inusitado – que beira o absurdo – da ideia, o tema é importantíssimo. A prefeitura de Fernandópolis erra feio ao atribuir somente aos alunos – ou, no máximo, também à negligência de seus pais – o pouco interesse nas aulas. É evidente que a família precisa estimular desde cedo as crianças a gostarem de ir à escola, a que elas não vejam esse ambiente apenas como uma obrigação. Claro é também que há adolescentes que, mesmo estimulados, deixam prevalecer o espírito contestador inerente à idade.
Mas é dever da escola criar condições propícias ao estudo, com ambiente acolhedor, material didático adequado, professores estimulados e que saibam estimular, e com métodos e propostas de ensino que prendam os alunos pelo prazer de aprender.
Será muito difícil, por exemplo, ensinar sem levar em conta o uso do computador. Não adianta escola querer brigar com o tempo ou a modernidade. Não se trata de transferir para os jovens o comando da aula, ou dar-lhes a prerrogativa de decidirem o que querem ou não fazer no ambiente escolar. Mas tampouco é possível elaborar programas sem levar em conta a rotina dos jovens, o ambiente onde vivem e tudo aquilo que os empurra para fora da sala.
Retomar “as rédeas” da relação com os jovens, dar-lhes limites, fazê-los entender que o mundo tem regras, tudo isso é mais do que necessário fazer – e, infelizmente, há muitas pessoas, em casa e na escola, negligenciando essa tarefa. Pensar em caminhos não traumáticos para conseguir isso é dever das famílias e dos centros de ensino.
Mas que não seja com propostas esdrúxulas como a de Fernandópolis, que só vai tornar as coisas mais difíceis.
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