sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A valorização do Magistério

ZERO HORA (RS) - 15/10/2010

Tanto quem sair eleito para a Presidência da República no final deste mês quanto quem ocupar o comando dos Estados a partir de janeiro têm um papel importante como protagonista na valorização de um profissional imprescindível, particularmente em países em crescimento: o professor. As políticas a serem postas em prática pelos futuros governantes na área do ensino nos próximos quatro anos terão papel decisivo para a formação de cidadãos com os quais o Brasil precisa contar para ampliar o processo de crescimento. Um avanço nesse sentido só ocorrerá se o país conseguir conter o crescente desinteresse pela profissão de professor e apostar na formação de profissionais qualificados e bem remunerados, de acordo com a sua contribuição para a formação de futuros cidadãos.

Períodos eleitorais como o atual são particularmente importantes para a discussão do assunto pelo fato de um dos principais problemas ser justamente uma zona cinzenta de atribuições entre diferentes instâncias da federação. Há também uma total falta de articulação entre municípios, Estados e União no que diz respeito a ações em andamento. A Constituição define que, assim como saúde, trabalho e moradia, a educação é um direito social. O problema, no caso do ensino, já começa justamente na falta de clareza sobre competências, como advertem integrantes do movimento Todos pela Educação, provenientes de diferentes segmentos da sociedade. Ao mesmo tempo, o país precisa demonstrar capacidade de articulação entre os programas estaduais e municipais de educação com o novo Plano Nacional de Educação (PNE), tarefa que na prática vem se revelando particularmente difícil.

O país só terá ensino de qualidade em todos os níveis e em todas as instâncias da federação quando contar com professores motivados, qualificados e remunerados de acordo com a sua habilitação e com a dedicação à atividade. A valorização, com ênfase na meritocracia, seria uma forma de evitar tendências cada vez mais comuns. Entre elas, estão a insuficiência de professores, particularmente em áreas como matemática, e o fato de o magistério atrair cada vez mais quem não consegue ingresso num curso universitário com maior grau de exigência para acesso. Salários mais compensadores já seriam uma forma de tentar a reversão desse quadro, numa área que não pode se conformar com o predomínio de educadores despreparados, pois são os responsáveis pela formação de profissionais em diferentes áreas de atividade.

O professor, porém, não pode ser lembrado apenas no seu dia, nem em períodos de campanha eleitoral e de mudança de governo. Educação é uma questão a ser pensada a médio e longo prazos, transcendendo portanto o período de uma ou outra administração, pois precisa de políticas firmes e continuadas.
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