Inverto a direção desta "Janela": em vez de olhar para o mundo, fico um pouco de como o mundo está olhando para o Brasil em modo eleição. Antes, convém dizer que não se trata de um resumo exaustivo, até porque é raro que jornalistas estrangeiros, em qualquer país, consigam dizer algo que já não tenha sido tratado na mídia local.
O sentimento mais ou menos generalizado da mídia externa é que aparece no "New York Times": "Analistas têm poucas dúvidas de que Rousseff prevalecerá no dia 31 de outubro, dada a onda de prosperidade no Brasil e o apoio popular ao governo Lula".
Esse sentimento se mescla à surpresa com o fato de que a eleição não foi decidida no primeiro turno, ao contrário do que apontavam as pesquisas até a antevéspera da votação. Interessante é a interpretação do "Monde": "Brasileiros se recusam a dar um cheque em branco para Dilma Rousseff".
Interpretação diferente aparece no sítio "MercoPress", uma agência eletrônica de notícias do Mercosul: "Analistas acreditam que o apoio a [Marina] Silva foi um voto de protesto contra os dois principais candidatos". Aliás, a votação de Marina e seu papel de eventual "king maker" é outro sentimento muito presente nos jornais externos.
Agora que não há mais Marina, para onde irão seus votos? "MercoPress" acredita que a maior parte irá para Serra, porque Serra e Silva (Silva, Marina, não Silva, Lula) podem ter fechado um acordo".
Chute ou furo? Saberemos em breve.
Como há um virtual consenso de que, em política econômica, ganhe quem ganhe, haverá poucas mudanças, as inquietações se voltaram principalmente para a política externa de um futuro governo Dilma (sempre partindo do pressuposto de que ela é favorita).
O "Washington Post" ouviu José Eduardo Cardozo, coordenador da campanha de Dilma, avisar que ele espera que sua candidata siga, no geral, o exemplo de Lula, tanto em assuntos domésticos como externos, "o que [para o jornal] incluiu laços cordiais com líderes autoritários como Fidel Castro e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad".
São esses laços que incomodam líderes ocidentais e boa parte dos analistas internacionais. Como Juliette de Rivero, da Human Rights Watch, que criticou o Brasil pela abstenção na Comissão de Direitos Humanos da ONU em decisões que condenaram a Coreia do Norte e o Congo. De Rivero ressalva, de todo modo, que, este ano, o Brasil votou contra a Coreia do Norte.
Nos jornais da rede McClatchy, aparece Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático de Lula e coordenador do programa de governo de Dilma, dizendo que Dilma "manterá os princípios básicos [da política externa]". Ou seja promover a integração sul-americana, incrementar as alianças com países em desenvolvimento e manter o relacionamento com os Estados Unidos (em nível excelente, aliás).
Marco Aurélio prevê ainda diferenças apenas de estilo e diz que Dilma, inicialmente, voltará o seu foco para assuntos domésticos.
Coincide com o que tenho dito nas entrevistas que dei a meios internacionais, usando inclusive uma metáfora exagerada, ao estilo Lula: o presidente é do tipo efusivo, que beija na boca até líderes que acaba de conhecer; Dilma é muito mais reservada e apenas estenderá a mão para eles. Nem mesmo beijinho no rosto.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha.
O sentimento mais ou menos generalizado da mídia externa é que aparece no "New York Times": "Analistas têm poucas dúvidas de que Rousseff prevalecerá no dia 31 de outubro, dada a onda de prosperidade no Brasil e o apoio popular ao governo Lula".
Esse sentimento se mescla à surpresa com o fato de que a eleição não foi decidida no primeiro turno, ao contrário do que apontavam as pesquisas até a antevéspera da votação. Interessante é a interpretação do "Monde": "Brasileiros se recusam a dar um cheque em branco para Dilma Rousseff".
Interpretação diferente aparece no sítio "MercoPress", uma agência eletrônica de notícias do Mercosul: "Analistas acreditam que o apoio a [Marina] Silva foi um voto de protesto contra os dois principais candidatos". Aliás, a votação de Marina e seu papel de eventual "king maker" é outro sentimento muito presente nos jornais externos.
Agora que não há mais Marina, para onde irão seus votos? "MercoPress" acredita que a maior parte irá para Serra, porque Serra e Silva (Silva, Marina, não Silva, Lula) podem ter fechado um acordo".
Chute ou furo? Saberemos em breve.
Como há um virtual consenso de que, em política econômica, ganhe quem ganhe, haverá poucas mudanças, as inquietações se voltaram principalmente para a política externa de um futuro governo Dilma (sempre partindo do pressuposto de que ela é favorita).
O "Washington Post" ouviu José Eduardo Cardozo, coordenador da campanha de Dilma, avisar que ele espera que sua candidata siga, no geral, o exemplo de Lula, tanto em assuntos domésticos como externos, "o que [para o jornal] incluiu laços cordiais com líderes autoritários como Fidel Castro e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad".
São esses laços que incomodam líderes ocidentais e boa parte dos analistas internacionais. Como Juliette de Rivero, da Human Rights Watch, que criticou o Brasil pela abstenção na Comissão de Direitos Humanos da ONU em decisões que condenaram a Coreia do Norte e o Congo. De Rivero ressalva, de todo modo, que, este ano, o Brasil votou contra a Coreia do Norte.
Nos jornais da rede McClatchy, aparece Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático de Lula e coordenador do programa de governo de Dilma, dizendo que Dilma "manterá os princípios básicos [da política externa]". Ou seja promover a integração sul-americana, incrementar as alianças com países em desenvolvimento e manter o relacionamento com os Estados Unidos (em nível excelente, aliás).
Marco Aurélio prevê ainda diferenças apenas de estilo e diz que Dilma, inicialmente, voltará o seu foco para assuntos domésticos.
Coincide com o que tenho dito nas entrevistas que dei a meios internacionais, usando inclusive uma metáfora exagerada, ao estilo Lula: o presidente é do tipo efusivo, que beija na boca até líderes que acaba de conhecer; Dilma é muito mais reservada e apenas estenderá a mão para eles. Nem mesmo beijinho no rosto.
Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário