sábado, 16 de outubro de 2010

Reservatórios têm pior nível desde 2006

Como nossa matriz energética é fortemente dependente das hidrelétricas o país fica impedido de prosseguir no crescimento de seu PIB para atingir, de forma regular, perene e sustentável, seu desenvolvimento econômico.


Reservatórios têm pior nível desde 2006
Seca leva reservatórios do Sudeste aos níveis mais baixos desde 2006
Rennan Setti - O Globo - 15/10/2010

Com a seca que afeta o país, o nível dos reservatórios das hidrelétricas de Sudeste e Centro-Oeste caiu para 47,2%, o mais baixo desde 2006 para um mês de outubro. No Nordeste, passou a 43,5%, abaixo do patamar seguro.

No Nordeste, patamar está abaixo do considerado seguro. Térmicas custam R$1,1 bi.

A seca que afeta o Brasil, potencializada pelo fenômeno climático La Niña, baixou os reservatórios das hidrelétricas de Sudeste e Centro-Oeste aos níveis mais baixos dos últimos quatro anos para um mês de outubro. As regiões concentram 70% da geração nacional. Nordeste e Norte, porém, com menor capacidade instalada, sofrem mais com a estiagem.

No Sudeste e no Centro-Oeste, o nível das represas é de 47,23%. Embora estejam acima do limite considerado seguro de 39% previsto para novembro, as regiões só tiveram outubro pior em 2006, quando registraram 45,23%. O Sul, com nível de 60,5%, teve resultado inferior a esse apenas em 2007 (59,7%). Mesmo em situação crítica, a folga em relação às metas de segurança tem possibilitado a transferência de energia gerada nessas localidades para Nordeste e Norte.

No Nordeste, o patamar era de 43,56% na quarta-feira, abaixo do nível seguro de 45%. Só houve outubro pior em 2007. O Norte não tem meta, mas seu nível é de 41,2%, o menor para o mês desde 2008.

Caso a estiagem não cesse até novembro, os gastos do país com o acionamento de usinas termelétricas para complementar a geração de energia ultrapassarão R$500 milhões. É quanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima que os encargos de segurança - pagos às termelétricas e que encarecem a conta dos consumidores - vão totalizar até o fim do mês que vem.

- A operação está mais estreita devido à demora na transição do período seco para o úmido. Mas a hidrologia nos dá sinais de melhora, e estamos confiantes de que não precisaremos de energia térmica após novembro - afirmou Hermes Chipp, diretor-geral do ONS.

Fernando Umbria, da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), classifica o cálculo de R$500 milhões feito pelo ONS de muito otimista. A entidade estima que os custos da geração térmica com a seca chegaram a R$400 milhões até setembro. Já em outubro, diz Umbria, o custo tende a superar com facilidade a cifra prevista.

Porém, as térmicas implicam outros custos, já que não são acionadas apenas em estiagens. Problemas de infraestrutura - como dificuldades de transmissão em Acre e Rondônia - custaram até agosto R$635 milhões, segundo Umbria, pois também foram compensados com energia térmica. A Abrace estima que o uso de termelétricas custe R$1,1 bilhão em 2010. Em 2008, ano crítico, o gasto foi de R$2,3 bilhões.

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