sábado, 26 de fevereiro de 2011

Brasil lidera a expansão global dos transgênicos


Alexandre Inacio 
Valor Econômico 

A área cultivada com produtos transgênicos aumentou 10% no mundo em 2010 e alcançou a marca de 148 milhões de hectares. Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil foi o país que mais contribuiu para o avanço, com um incremento de 4 milhões de hectares na comparação com 2009. Conforme o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Biotecnológicas Agrícolas (Isaaa, na sigla em inglês), o crescimento brasileiro foi responsável por quase 30% do aumento mundial da área plantada.

O reforço do Brasil no mapa dos transgênicos - o país se consolidou como o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos - significa, para o Isaaa, o mais forte sinal da participação que os países em desenvolvimento já têm e ainda terão na produção mundial.

Dos 29 países que cultivaram transgênicos no planeta no ano passado, 19 são considerado em desenvolvimento e dez são desenvolvidos. Esses 19, contudo, somam 48% das lavouras geneticamente modificas, mas a expectativa é que o grupo assuma a maior parte do cultivo até 2015.

"Esse foi o segundo maior crescimento nos 15 anos que a tecnologia é utilizada na agricultura. Já são 29 países cultivando lavouras com biotecnologia, dos quais três plantaram pela primeira vez no ano passado", disse Clive James, presidente e fundador do Isaaa.

E a perspectiva é que a expansão dos transgênicos pelo mundo continue. Na avaliação de James, nos próximos cinco ano o número de países cultivando lavouras geneticamente modificadas deve chegar a 40, que cultivarão juntos cerca de 200 milhões de hectares. "Novas variedades de milho e soja continuarão surgindo, mas também esperamos pela chegada ao mercado de vegetais com biotecnologia, como tomate, berinjela e outros. Para isso será necessário que os países implantem um sistema regulatório e consigam suporte político para isso", afirma James.

No Brasil, a taxa de adoção de transgênicos é maior do que a esperada, na opinião de Anderson Galvão, diretor da Céleres e colaborador do Isaaa. "O aumento no plantio de milho foi muito grande e sua adoção muito rápida", afirma Galvão.

Dos 25,4 milhões de hectares cultivados no Brasil no ano passado, 17,8 milhões foram referentes à soja, que segue como a principal cultura transgênica do país e com maior taxa de adoção, 75%. A área plantada com milho somou 7,3 milhões de hectares e representou 55% do total cultivado, enquanto o algodão ocupou 250 mil hectares ou 26% do total.

"O Brasil já tem um arcabouço legal estabelecido e é considerado exemplo para alguns países da Ásia. O país saiu de uma situação de atraso para uma posição de vanguarda, tanto que a soja Bt/RR foi aprovada primeiro aqui", observa Galvão.
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