domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre aprovação popular e auto-estima

Se Estatística é uma ciência para ser levada a sério estamos, de fato, diante de um fenômeno social inédito. Por intermédio dela pode-se mensurar o que o todo pensa por amostragens colhidas das diversas partes que lhe compõem.

O que ocorre, entretanto, é que o mosaico que se extrai de uma coleta feita com rigor científico tem que confirmar a realidade apresentada quando for rebatido no “noves fora” com outros levantamentos.

Um aparte para se falar de auto-estima  do brasileiro que Lula propaga ter sido o único que resgatou. De acordo com ele o sentimento de inferioridade acabou no seu governo. Permito-se, então, uma digressão entre auto-estima e aprovação de governo.

Por este entendimento, 83% das pessoas que dormiram nos aeroportos brasileiros ou tiveram problemas nos embarques, ou que perderam compromissos ou licitações ou concursos, estão errados em reclamar pois foi o presidente Lula que determinou destinações financeiras da INFRAERO para programas sociais ao invés de modernizar a infra-estrutura dos aeroportos. Da mesma fora politizou a ocupação de cargos na ANAC.

Também os 83% que sofreram com apagões, fornecimento de energia elétrica irregular e de baixa qualidade a preços exorbitantes e que perderam, eventualmente, motores de geladeiras, placas e circuitos integrados de computadores e televisores, dentre outros similares, tampouco têm o direito de reclamar, pois foi o governante com tal aprovação que nomeou um jornalista ao invés de um engenheiro elétrico e administrador público como  ministro de minas e energia demonstrando, assim, um dos mais escandalosamente explícitos casos de fisiologismo político já existente.

Da mesma forma 83% das pessoas que moram em mais de 50% dos lares brasileiros que não possuem saneamento adequado ou que não tem nenhum tipo de fossa, coleta ou escoamento de dejetos para ruas que, por sua vez, não têm rede de esgoto ou cidades sem centros de processamento de esgoto também se sentem excluídos mas fazem parte desse contingente que aplaude quem os mantêm em tal situação.

Também o que dizer dos 83% felizes apesar de não terem acesso à saúde pública de qualidade ou suscetíveis a surtos de epidemias ou que encontram medicamentos genéricos com preços quase próximos aos dos laboratórios de marca?

Podemos, ainda, inferir que 83% dos que ficam presos no trânsito durante chuvas torrenciais ou mesmo com constância de precipitação moderada ao longo do dia suficientes para produzir amplos alagamentos  ou tenham seus bens, móveis e automóveis arrastados por correntezas ou soterrados por deslizamentos também estão satisfeitos com a administração lulista.

Dentre o vergonhoso contingente de estudantes sem base educacional suficiente para lhes permitir disputar uma vaga no mercado de trabalho que hoje já importa estrangeiros melhores qualificados também, em tese, aprovam em 83% a administração que lhes priva de melhor educação ao permitir ideologia, fisiologismo político na indicação de órgãos responsáveis pela educação e cultura.

Há quase que uma miríade de realidades econômicas não tão alvissareiras saltando aos olhos mas que, com maestria, fica maquiada ou não tem evidência nos jornais e demais noticiários.

Faço parte de um discreto contingente que busca, no mínimo, coerência no que a administração pública promove e o que é percebido, ao menos pelo que é propalado por jornais e institutos que, eventualmente, se beneficiam de investimentos generosos do governo via comunicação social.

Em poucos meses quando a fartura de investimentos internacionais perderem seu ímpeto e os custos das alternativas econômicas aqui adotadas cobrarem sua fatura começará a haver uma percepção de que a tal da “herança maldita” dos governos anteriores fora tão forte que oito anos de gestão de vanguarda não lhes permitiu nos conduzir para fora do atoleiro. Afinal, tendo-se um contingente tão expressivo que acredita na maquiagem do marketing midiático, fica fácil se convencer sobre qualquer coisa sem muito esforço ou risco de questionamentos.

Enfim, entre desconfiar que tal índice é uma prosaica farsa e que o brasileiro que aprova sofre de uma irremediável crise baixa auto-estima aliado a de “apedeutismo crônico” para sofrer e ficar feliz que nem pintinho na bosta, prefiro a primeira hipótese.
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