sábado, 25 de dezembro de 2010

Consumidor brasileiro é o ""Homem do Ano""

Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo

Como em todos os anos, a coluna escolhe um homem do ano, no Brasil e no exterior. Lá fora, ninguém. Um deserto total. A seleção de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, pela revista Time, é uma prova disso. Não havia outro. No Brasil, a coluna elege novamente o consumidor brasileiro como o "Homem do Ano".


Ele já havia sido escolhido em 2009 e volta a ser neste ano porque, mais uma vez, salvou a economia nacional. Não hesitou, não se assustou, na teve medo da crise, mesmo quando o desemprego chegava a 2 milhões de trabalhadores no ano passado, continuou comprando, confiando, comprando. Um aumento de 10% somente este ano! Sem ele a economia não estaria crescendo 7,5%, pois o consumo interno representa 62% do PIB.

Foi ajudado, sim, pelo governo que manteve a redução de impostos em setores mais atingidos pela crise, facilitou o crédito, proporcionou aumento da renda. Mas tudo isso também foi feito lá fora e não funcionou. O presidente dos EUA, Barack Obama, fez um pacote inicial de estimulo de mais de US$ 700 bilhões e nada. Na Europa, o cenário é ainda pior, sem estímulos e estagnação e desemprego de 10,1%.

Mas foi só ele? Basicamente, sim. Os dados do IBGE são ilustrativos. Há os gastos do governo que indiretamente ajudam a demanda, mas eles representam apenas 19,7% do PIB, contra os 62% das famílias. Outros itens que poderiam ser apontados também são menos significativos, como as exportações de bens e serviços, apenas 11%. Foi o aumento da renda? Não tanto, este ano. Os dados oficiais mostram que, no ano passado, a renda real dos salários que havia crescido 7,3% em 2008, aumentou menos em 2009 - 3,9% no ano passado e este ano, 4,5%. O rendimento médio real dos trabalhadores era de R$ 1.443 em 2009 e hoje é R$ 1.468. Ou seja, sozinho ele não explica totalmente o expressivo aumento da demanda, que está sendo em parte impulsionada pelo crédito e, principalmente, pela entrada de 30 milhões de consumidores das classes C e D no mercado. Hoje, elas consomem 78% mais dos que as classes A e B.

O que estamos vendo é o consumidor reagindo de forma excepcional este ano porque passou a confiar ainda mais no futuro.

Vejam onde gastam. É significativo que os gastos não têm aumentado só na área de alimentos e serviços. Mas, de acordo com pesquisa realizada pela Serasa, em novembro, os gastos se concentraram na compra de material de construção (17%) e móveis (15%). Destaca-se ainda o setor de veículos, mais 12%. Outro levantamento conclui que quase 50% da população brasileira já dispõe de meio de transporte próprio. Mas atentem que mesmo no auge da crise, quando 2 milhões de trabalhadores perdiam o emprego, o consumo não recuou. E, agora, com a criação de 2,5 milhões de vaga este ano e o desemprego nas capitais recuando para 5%, o consumidor ele passou a confiar ainda mais.

E a bolha? Há o risco de endividamento excessivo, como ocorreu nos Estados Unidos, que provocou retração ainda não superada dos americanos apesar dos pacotes de US$ 1,5 trilhão? Os indicadores nacionais ainda não registram isso, mas o Banco Central vê algum risco, sim.

Já começou a conter a expansão do crédito, É ainda uma medida cautelosa que, segundo o mercado financeiro, visa a conter mais os financiamentos de longo prazo, oito e até dez anos, do que o crescimento econômico. Outras podem vir.

O maior risco é o menor aumento da produção e aumento da inflação que já passa de 5%.

Mas quem é "Ele"? Ele, o consumidor brasileiro, é você, eu, nossas famílias, todos nós, que não tivemos medo e ajudamos o País a sair da recessão. Diante desses cenários, não há dúvida alguma . O "Homem do Ano de 2010" é o consumidor brasileiro, que não recuou diante do pessimismo que domina o mundo.

Feliz Natal, amigos. A todo os leitores que prestigiam está coluna há 16 anos, meus votos sinceros de um Feliz Natal com suas famílias.

Sejam felizes, meus amigos.

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