Marina Almeida
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Dentro das minhas malas
Eu carrego muitas coisas...
Vivências acumuladas
Por muitas e muitas jornadas,
Por trilhas, atalhos, escolhas.
Algumas delas erradas.
Tantas dúvidas e incertezas,
Quantas coisas guardadas.
Carrego o suor dos amantes,
O encanto, a paixão e a poesia,
O sentimento não compartilhado,
Muitas histórias não terminadas,
A dor de um amor sofrido.
Carrego também a saudade
De amigos, de entes queridos
Que em algum lugar do passado,
Seguiram por outros caminhos.
Dentro das minhas malas
Eu carrego muitas coisas...
A armadura, a cicatriz, o conflito.
A guerreira de olhar cansado,
O andarilho em busca de abrigo,
O nobre, o juiz, o bandido,
A feiticeira, o anjo, a banida.
Dentro das minhas malas
Muitas coisas pesadas.
A aflição, o medo, a espera,
O arrependimento, a culpa, o pecado,
A obrigação de desfazer o mal feito
E desta feita fazer direito.
A obrigação de reconstruir os meus templos
Profanados pela ação do tempo.
Dentro das minhas malas
Eu carrego muita esperança.
Carrego a ingênua, a sonhadora, a criança,
A certeza de reencontrar o inimigo
E fazer dele um novo amigo.
Carrego o santo, o mago, o diabo,
Um sorriso para ser ofertado,
O carinho do ser apaixonada
Que muitas vezes adormece cansada,
Mas amanhece sempre renovada,
E vai em busca de uma nova morada!
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