sábado, 25 de dezembro de 2010

A PAZ NOS AEROPORTOS ESTÁ LONGE

CORREIO BRAZILIENSE

A paz nos aeroportos é relativa e precária. A firme decisão da Justiça Federal proibindo greve de trabalhadores do setor até 10 de janeiro, sob pena de multa diária de R$ 3 milhões em caso de descumprimento da determinação, evitou o pior, mas obviamente não resolve o problema. Falta dar ao cidadão, e aí a questão extrapola o âmbito do Judiciário e recai sobre o governo federal e as companhias aéreas, a necessária segurança e pontualidade. Para tanto, investimentos urgem. E também uma fiscalização mais firme e transparente. 

País continental, o Brasil não pode deixar o transporte aéreo à mercê de conjunturas várias, sob risco de parar a qualquer momento. A própria data-base dos aeroviários e aeronautas, em dezembro, mês de extremo movimento, é caso a analisar. Greve é direito de todo trabalhador, cujo poder de negociação é tão mais forte quanto mais crítica for a possibilidade de paralisação. Só que, parece, o referido dissídio tem servido aos dois lados, patrões e empregados, cada qual esticando a corda além do limite do bom senso, escorando-se no oportunismo da ameaça de caos generalizado.

Desta vez há agravantes a considerar. O primeiro deles, a proximidade da posse dos novos governantes, em 1º de janeiro, quando políticos e convidados, estrangeiros inclusive — e entre eles, chefes de Estado —, terão que cruzar com rapidez os céus do país. Num horizonte pouco mais distante, mas nem tanto, dado o volume de problemas a resolver, estão a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A essa altura, os dois eventos já atraem os olhares da comunidade internacional para o Brasil. E um fiasco 
hoje terá consequências amanhã. Afinal, desde já o país está obrigado a provar que será capaz de sediar de forma organizada os mais importantes acontecimentos esportivos do planeta. 

As companhias aéreas nacionais têm na ocasião oportunidade ímpar de se credenciarem como competentes no mercado global. Num mundo cada vez mais aberto e em que fusões proliferam, só terão a ganhar se souberem pôr o cidadão na frente dos próprios interesses. Em fase de expansão dos negócios, poderiam ter evitado o impasse com a oferta de algum ganho real aos empregados. Preferiram o caminho da radicalização. É melhor dar meia-volta e reabrir as negociações. Da mesma forma, abolir em definitivo práticas perniciosas ao interesse coletivo, como o overbooking. Os passageiros já têm percalços demais a temer. Afinal, a deficiente infraestrutura aeroportuária basta como prenúncio de transtornos. 

Esse é o nó a ser desatado pelo governo. Nem todo investimento precisa ou deve ser público, mas a condução do processo cabe à autoridade máxima no setor. Uma coordenação de esforços em prol da sociedade é urgente. Os atrasos, com ou sem greve, não são gratuitos. Há aeroportos a construir, a ampliar e a modernizar. As instalações são acanhadas. Os recursos humanos são insuficientes em número e preparação técnica. Embarques e desembarques emperram desde a chegada do passageiro ao estacionamento, onde encontrar vaga é quase sempre questão de sorte, até as filas do check-in em balcões apertados, as esteiras para bagagens que não dão conta do fluxo e a pouca estrutura das companhias aéreas. Enfim, falta ousadia ao setor público e ao privado. 
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