O Globo
A balança comercial brasileira acumulou um superávit de US$690 milhões nas três primeiras semanas de janeiro. No ano passado, em igual perdido, houve um déficit de US$177 milhões. As exportações em 2011 cresceram a um ritmo de 29%, e as importações a 19%. O fenômeno pode ser temporário, pois, ao longo de todo o ano de 2010, as importações se expandiram relativamente mais que as exportações.
O Ministério do Desenvolvimento e Indústria e Comércio estima que as exportações brasileiras evoluirão este ano cerca de 12%, ligeiramente acima do projetado para a média do mercado internacional.
Ainda assim, em face do aquecimento da economia do país, as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central continuam prevendo uma redução considerável do saldo da balança comercial. Entre outras razões, essa contração seria resultado do real valorizado, que estimularia importações e desestimularia exportações.
As projeções sobre o comércio exterior não têm levado muito em consideração uma situação conjuntural que elevou as cotações de commodities agrícolas e produtos básicos vendidos pelo Brasil. É pouco provável que esse quadro se altere em 2011 e, nesse sentido, é de se esperar que os chamados produtos básicos e os semimanufaturados ocupem mais espaço na balança comercial.
Por outro lado, o aumento de poder aquisitivo de número crescente de consumidores no Brasil gera demanda por bens e serviços que, se não for atendida no curto prazo, em parte por importações, a consequência seria uma forte pressão inflacionária.
Isso não significa que a valorização do real seja por si só desejável - especialmente quado é excessiva e abre oportunidades para a desova de estoques especulativos no mercado brasileiro a ponto de inviabilizar a produção de certos segmentos da cadeia produtiva nacional.
Mas, além de iniciativas macroeconômicas que contribuam para anular fatores que causem essa valorização excessiva (e nesse sentido a política fiscal será decisiva, se os gastos públicos deixarem de pôr mais lenha na fogueira da demanda), tornou-se imprescindível a chamada agenda microeconômica, envolvendo desde o esforço de inovação por parte das empresas ao ataque dos fatores que não dependem do setor produtivo, e que constituem o custo Brasil.
Desoneração tributária, crédito facilitado para investimentos e melhora da infraestrutura são itens que certamente dariam mais competitividade aos produtos brasileiros em um ambiente de moeda cuja tendência natural é se fortalecer, à medida que a economia consiga crescer em ritmo razoável nos próximos anos.
O país está em momento que deve encarar de frente seus problemas. Esta questão do custo Brasil tem sido adiada, pois, mesmo com tantos entraves, o comércio exterior brasileiro não parou de evoluir. Mas, até porque a corrente de comércio já está na casa de US$400 bilhões anuais, agora os problemas assumiram uma dimensão que não permite contemporização.
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