Recentemente, o Estado publicou uma matéria dizendo que "comer fora em São Paulo é mais caro do que em NY" e que o Brasil tem os restaurantes mais caros do mundo. Aliás, todos os estrangeiros que nos visitam dizem que o Brasil é um país muito caro.
Isso nos leva a indagar sobre o porquê dessas conclusões. Sem dúvida, a taxa cambial muito valorizada explica parte desses julgamentos. A carga tributária elevada que marca o Brasil, mais elevada do que nos EUA, que têm um PIB muitíssimo superior ao nosso, pode ser considerada outro fator que eleva os preços em nosso país. Não se pode deixar de acrescentar ainda o elevado custo do crédito bancário, em razão de uma taxa básica de juros que está entre as maiores do mundo, se não, a maior.
No entanto, todos esses fatores não seriam suficientes para colocar o Brasil entre os países onde é mais caro viver. De fato, temos uma situação privilegiada quanto ao custo de produção, especialmente no que toca aos produtos alimentícios, por causa das condições climáticas e da produtividade alcançada graças ao suporte tecnológico dado à agricultura. Temos de lamentar que uma política do BNDES, de nos tornar o maior produtor de carne do mundo, tenha levado a uma internacionalização dos preços desse produto.
Por outro lado, nossa produção agrícola sofre um handicap, essencialmente no que diz respeito à infraestrutura de transporte. No centro da produção, por exemplo, está a soja, com um custo imbatível, vantagem anulada com o transporte por caminhão para um porto pessimamente equipado. E isso acontece com muitos outros produtos, com exclusão talvez do minério de ferro. Finalmente, há o custo imposto por leis trabalhistas ultrapassadas, ao qual se acrescentam o da burocracia e o de uma produtividade muito baixa, em um grande número de setores.
Convém, todavia, para explicar os preços elevados do Brasil, levar em conta fatores que são tipicamente nossos, como uma margem de lucros excessiva em relação à de numerosos países: os lucros do bancos, por exemplo, constituem uma ilustração do fenômeno, que não é exclusivo das instituições financeiras.
Um outro fator mais sutil é o hábito do comércio, numa economia em que as vendas a prestações são generalizadas, de fixar preços à vista embutindo neles os juros das vendas a prazo, como se verifica com a dificuldade que se tem de obter descontos quando se paga em cash. Tudo isso explica por que o Brasil atrai tão poucos turistas estrangeiros.
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