domingo, 23 de janeiro de 2011

INÉPCIA

FOLHA DE S. PAULO



Novas falhas na aplicação das provas do Exame Nacional do Ensino Médio e na etapa de seleção de seus participantes para vagas nas universidades provocaram a substituição do presidente do Inep, o instituto de pesquisas do Ministério da Educação responsável pelo Enem.

A posse, nesta semana, do terceiro dirigente do órgão em pouco mais de um ano é um atestado da inépcia operacional do Ministério da Educação na tentativa de implementar o ambicioso modelo unificado de exame com o qual pretende, acertadamente, substituir a miríade de vestibulares que se criou no país.

A lista de problemas do novo Enem, transformado em prova seletiva para cursos universitários em 2009, é extensa. Em sua etapa mais recente, cabeçalhos dos cartões-resposta foram trocados, houve erros de impressão nos cadernos de perguntas e problemas de segurança.

Nos dois últimos anos, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), por meio do qual os alunos escolhem suas opções de carreira, na internet, sofreu panes ou apresentou exasperante lentidão. Nesta semana, estudantes relataram ter tido acesso às escolhas de seus colegas, e parte delas foi alterada à revelia dos candidatos.

É possível apontar como pano de fundo de fundo dos problemas o gigantismo de uma prova para mais de 3 milhões de pessoas, realizada em escala nacional em etapa única. Mas isso não exime o ministério da responsabilidade pela incrível sucessão de equívocos.

Quanto às dimensões o exame, há meios de contorná-la. O atual modelo de avaliação, no qual perguntas distintas podem possuir graus equivalentes de dificuldade, permite a comparação de notas mesmo entre alunos que tenham realizado testes diferentes.

Essa técnica, já testada com sucesso em exames internacionais, possibilitaria a realização de mais de uma prova por ano, com resultados comparáveis. E a redução da escala dos testes facilitaria a correção das falhas.

Ainda antes de tomar posse, a nova presidente do Inep, Malvina Tuttman, declarou-se favorável à mudança. É um bom sinal. Mas já passa da hora de o Ministério da Educação superar a fase dos diagnósticos certos e ações erradas. 
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