domingo, 19 de dezembro de 2010

A CONTA DA OBESIDADE VIRÁ ALTA NO FUTURO

JORNAL DO BRASIL

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, falou esta semana sobre um tema gravíssimo, mas que não costuma preocupar muito os brasileiro – reflexo disso é que teve menos destaque do que merecia na mídia: o que ele qualificou como “epidemia” de obesidade.

Embora tenha usado a retórica, Temporão foi muito feliz na definição. Os números mostrados pelo governo são assustadores: nada menos que 50% dos brasileiros estão acima do peso. Ou seja: a cada dois brasileiros, um deles está exposto a todos os riscos para a saúde inerentes à gordura excessiva.

O tema, infelizmente, não está entre aqueles que fazem parte das preocupações da média dos brasileiros. É cultural. O Ministério da Saúde, se quiser resolver ou, pelo menos, reduzir o problema a níveis toleráveis, terá de trabalhar muito. E a primeira lição será introjetar na corrente sanguínea da população o conceito de que obesidade é uma doença e precisa ser tratada como tal.

Outro dever de casa para o governo público é incluir o problema nas políticas públicas de saúde.O paciente que for hoje, por exemplo, a uma UPA encontrará programas de prevenção e tratamento de hipertensão, estresse e outros males do mundo moderno. Mas não há nada que se refira ao sobrepeso.

Os confortos desse tal mundo moderno contribuem para aumentar o peso médio das pessoas. Um estudo americano divulgado em novembro mostra que a simples presença de uma extensão de linha telefônica (que pode ser também substituída pelo celular) faz com que seu dono engorde um quilo por ano – apenas pelo fato de não se mover de onde está até a linha principal da casa para atender o chamado. Imagine-se quantos quilos podem ser acrescidos na pesquisa se, além do celular, incluirmos laptops, controles remotos etc.

Outro aspecto bastante traiçoeiro da obesidade: ela demora a mostrar seus efeitos.
O ministro Temporão foi claro: se o país fizer algo sério e imediato para prevenir a obesidade no país, ainda assim daqui a alguns anos virá uma conta muito alta a ser paga.
E vai ser o governo quem precisará botar a mão no bolso para cuidar das vítimas.
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