sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mediocridade faz escola na educação

Correio Braziliense

O ensino só evoluirá a contento no Brasil quando o país resolver dar cabo da mediocridade. É inadmissível que, mesmo cumprindo com folga a meta estabelecida para o triênio 2007, 2008, 2009, o oitavo maior PIB do planeta esteja em 53º lugar num ranking entre 65 nações avaliadas pelo conhecimento dos estudantes de 15 anos em leitura, matemática e ciências. Numa escala que vai a 800 pontos, a nota brasileira ficou um ponto acima da média: 401. A singela pretensão era chegar a 395. Ou seja: manter-se no atraso. 

Ainda que o país tenha obtido a terceira maior evolução no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), com diferença positiva de 33 pontos em quatro exames, é evidente que a situação não admite comemorações. O ministro da Educação, Fernando Haddad, avalia, contudo, como “inegável que o último triênio foi bom para o Brasil”. Só se pode entender que S. Exa. considera adequado o ritmo do avanço, mesmo que estejamos tão atrás da China, 1ª colocada, com 577 pontos, dos vizinhos Chile (439) e Uruguai (427), da Tailândia (422) e de Trinidad e Tobago (414). 

Ora, a média internacional foi de 496 pontos. Nem mesmo a unidade da Federação brasileira com melhor desempenho, o Distrito Federal, a alcança. O DF somou 439 pontos, seguido por Santa Catarina (428), Rio Grande do Sul (424), Minas Gerais (422) e Paraná (417). Note-se que os três estados da Região Sul se colocaram bem no cenário nacional. Estado mais rico, São Paulo ficou apenas em 7º (409), atrás também do Espírito Santo (414) e logo à frente do Rio de Janeiro (408). Mas o secretário paulista de Educação, ex-ministro Paulo Renato Souza, enaltece o resultado, segundo ele, “fruto de políticas focadas na aprendizagem”. 

Falta às autoridades enxergar que o passo de tartaruga não serve ao país, que tem enorme fosso a vencer na área educacional, e ousar. Bom começo seria se debruçarem com seriedade sobre as informações levantadas pelo Pisa, aplicado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os dados mostram, por exemplo, que, desde 2000, foi em matemática que o Brasil mais aumentou a pontuação, crescendo 52 pontos, embora essa ainda seja a disciplina de pior desempenho, com 386 pontos. Em leitura, alcançamos 412, e em ciências, 405. 

O Brasil deve agradecer a marca de 401 pontos e o 53º lugar alcançado entre 65 países às escolas públicas federais e à rede privada de ensino. Valessem apenas as notas dos alunos matriculados nas primeiras, estaríamos num honroso 7º lugar, entre o Japão (529) e o Canadá (527), pois a nota deles chegou a 528 pontos. Já os estudantes de escolas particulares alcançaram 502 pontos. A tragédia está mesmo nas redes públicas estaduais e municipais: 387 pontos, dois a menos que a do Azerbaijão. Sem ousadia, estaremos condenados ao atraso.
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