quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Urna sem memória

Por quê esta notícia é fundamental para a cidadania e para a economia?

Para a cidadania por revelar, evidenciar, desnudar velhos paradigmas do imaginário popular e, cientificamente, demonstrando que ainda estamos longe da maturidade democrática. Em se confirmando haverá, com o tempo, um maior número de representantes esquecidos.

Ressaltam-se, contudo, a vultosa soma bilionária gasta para colocá-los na posição para que uma expressiva parcela dos clientes se esqueçam mais adiante.

O que dizer, então, da famosa governança social sobre os assuntos de fundamental interesse para nosso desenvolvimento?

Já no lado empresarial, nota-se que uma importante fatia da sociedade não está preocupada em produtos e serviços que tenham alguma apelação de consciência cidadã, do tipo escolher produtos de empresas socialmente responsáveis.

Amigos, o que ressalto neste fenômeno é que o IBGE acaba de confirmar os dados do PNAD 2009 que evidencia que 98% das residências têm rádios e 96% têm televisão, ou seja, a informação encontra-se disponível e plenamente acessível.


Para mim não é novidade, pois ano  passado li dois livros importantíssimos do antropólogo Antônio Carlos Almeida, chamado de A Cabeça do Eleitor e A Cabeça do Brasileiro, ambos da Ed Record. Ele foi massacrado em entrevista no programa Roda Viva, por intelectualecos de esquerda e a realidade "tirirítica" apenas demonstra que o cientista, infelizmente, estava certo.


Recomendo aos amigos, cidadãos e executivos que leiam estas obras por serem de fundamental importância no processo decisório.

Este é um tema fundamental para se manter discutindo.


Urna sem memória


ESTADO DE MINAS


Um em cada cinco eleitores já não se lembra em quem votou

Mais de um em cada cinco eleitores levou apenas um mês para esquecer o nome de quem escolheu para representá-lo nas três casas legislativas em disputa nas eleições deste ano, Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas. É o que revela pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que entrevistou 2 mil pessoas em 136 municípios escolhidos aleatoriamente em 24 estados, entre 3 e 7 de novembro. Os dados revelam que os deputados estaduais, fisicamente mais próximos do eleitor do que os enviados a Brasília, são os menos lembrados, já que 23% dos entrevistados declararam não se lembrar em quem tinham votado para esse cargo. Em seguida vêm os deputados federais, com 21,7% das declarações de esquecimento pelo eleitorado. Os senadores, que, mesmo concorrendo a duas cadeiras por estado, fazem campanha com enfoque de disputa majoritária, têm situação menos ruim na memória dos eleitores, mas nem por isso têm o que comemorar: 20,6% dos entrevistados não se lembram mais do nome impresso no santinho do candidato. 

Não é certo, mas não é improvável que, com o passar de alguns meses, esses percentuais de esquecimento aumentem, o que deixa claro que, mesmo depois de intensa campanha, incluindo os programas gratuitos do rádio e da TV, é muito baixo o envolvimento do eleitor médio com o candidato. Menos ainda é o conhecimento e, portanto, a concordância com suas propostas. Não foi por falta de campanha, nem de dinheiro. Um levantamento do TSE sobre os recursos envolvidos na campanha deste ano concluiu que os candidatos a deputado federal, estadual e distrital (Brasília) gastaram, juntos, R$ 1,83 bilhão, representando 66,13% dos R$ 2,77 bilhões relativos à soma das prestações de contas do primeiro turno em todo o país. Já os 248 candidatos que disputaram a renovação de dois terços do Senado declararam ter gastado R$ 353,4 milhões – média de R$ 1,43 milhão por candidato –, com custo de R$ 2,61 por eleitor. A mesma pesquisa que mediu o esquecimento dos eleitos constatou que a maioria das pessoas (56%) se informa sobre política e eleições pela televisão e 18,4% por meio de conversas com amigos e parentes. A internet vem em terceiro lugar, com 9,9%. 

Mesmo que não se possa estabelecer relação direta dos gastos com o elevado índice de esquecimento dos candidatos pelos eleitores, os números parecem indicar que há algo de errado com a propaganda eleitoral. Além da falta de informação sobre a função e a importância dos parlamentos nas sociedades democráticas – tarefa que também deveria caber aos currículos escolares –, faz tempo que o desfile acelerado de nomes e fotos deixou de acrescentar algo relevante. Ser esquecido depois de eleito e escapar da cobrança do eleitor pode ser do interesse dos maus políticos, mas, certamente, nada tem a ver com a necessidade de o país manter o avanço da democracia que conquistou. A menos que se pretenda formar plenários de tiriricas honestos e doutores mal-intencionados, urge repensar o sistema de apresentação dos candidatos, suas ideias e fichas limpas. 
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Um comentário:

  1. Mas afinal quem é que falou no nosso desenvolvimento?
    Quem é que debateu ideias?
    Meu nome é Enéas! Ou
    Vote no tiririca, pior que está não fica!

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