O cenário diz que há 82% de aprovação dos últimos oito anos de governo. Também o mesmo cenário nos ensina que importamos técnicos estrangeiros, dando emprego para cidadãos estrangeiros por não termos, disponíveis, brasileiros com educação técnica suficiente para serem empregados em postos de trabalho de alto valor agregado.
Ouvindo consultores, jornalistas e lendo apreciações de empresas de avaliação de risco e auditoria internacionais, todos têm em comum a observação de que não há mão-de-obra qualificada o suficiente para atender a crescente demanda de uma economia que se diz em crescimento.
Até quando o nível de distração e de abulia da sociedade vai permitir, sem cobrar uma mudança séria deste lamentável cenário, que isto aconteça?
Vai mal o ensino médio
ESTADO DE MINAS
Pesquisa revela que alunos não aprendem o essencial das séries cursadas
A escassez de professores de matemática para o ensino médio tende a se agravar nos próximos anos e esse é apenas mais um dos problemas que não podem mais deixar de ser enfrentados se o país pretende levar a sério a prioridade que precisa dar à qualidade da educação. Não é de hoje que se sabe do verdadeiro gargalo que vem se formando na faixa que vai do quinto ao nono ano do ensino fundamental. Ponto de passagem entre o ensino básico, o profissionalizante e o universitário, essa fase do processo educativo brasileiro é crucial e pode influir decisivamente nos avanços a serem obtidos nas etapas seguintes e também na competitividade do futuro adulto nos mercados de trabalho mais sofisticados. Relatório divulgado ontem pelo Movimento Todos pela Educação a respeito do nível de aprendizagem naquelas séries é pouco animador, principalmente quanto à absorção de conhecimentos de matemática.
A entidade criou metas de qualidade a serem perseguidas pela educação no Brasil até 2022, quando pelo menos 70% de todos os alunos do país deverão ter aprendido o essencial para sua série em cada matéria. O prazo é longo e, a rigor, é absurdo que essa proporção já não seja a de praxe em nossas escolas. Como a conquista do patamar projetado deve avançar um pouco a cada ano, os resultados projetados para 2009 (base da atual pesquisa) foram apenas parcialmente alcançados pelos alunos do quinto ano, mas revelaram que há muito trabalho a fazer com os do nono. Em português, os alunos do quinto ano ficaram abaixo do esperado, já que apenas 34,2% aprenderam o que deveriam, para uma meta de 36,6%. Em matemática, os alunos dessa série mostraram bom desempenho, já que 32,6% atingiram o resultado indicado, superando a meta de 29,1%. O sinal de alerta mais urgente foi acionado pelos resultados do ensino de matemática no nono ano. Só 14,8% aprenderam o essencial da série que cursaram, desempenho bem abaixo dos 17,9% projetados pela entidade. Na escola pública, esse resultado é ainda mais preocupante, já que não alcançou menos da metade do projetado. Já em português, a meta de 24,7% foi superada.
Se esses números são preocupantes, piores ainda foram os do ensino médio. É verdade que as metas de português (26,3%) foram batidas. Mas só11% aprenderam o que deveriam em matemática e, na escola pública, a situação é pior, já que o percentual não passou de 5,8%. O mais grave é que a meta era modesta, de apenas 14,3%. Não há atestado mais veemente de que algo precisa ser feito, sob pena de aumentar a perda de competitividade econômica do país, por falta de gente em condições de se qualificar para o trabalho. Os dados do universo estudantil brasileiro parecem indicar que o problema não está mais centrado na falta de escolas e, sim, na qualidade do ensino. Especialistas alertam para a baixa atratividade da profissão de professor e para a falta de envolvimento dos adolescentes com currículos pouco atraentes. A esta altura, é perda de tempo procurar culpados e trocar acusações. É urgente repensar a questão da qualidade da educação em geral, particularmente do ensino médio, pois o que está em jogo é mais do que disputas de palanque.
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