Levantamento do MEC revela que a maioria dos cursos tem baixa qualidade
Ninguém deve se enganar com o número cada vez maior de brasileiros cursando uma faculdade. A realidade é bem menos animadora quando se mede o que essas pessoas estão aprendendo e que estrutura as escolas oferecem em troca das mensalidades pagas, muitas vezes, com muito sacrifício. Levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC) confirma que, na maioria dos cursos, a qualidade do ensino superior no Brasil continua mantendo distância quilométrica da qualidade. Conforme o Índice Geral de Cursos (IGC), que monitora a qualidade da graduação, com base no desempenho dos alunos (antigo provão) e nas condições de funcionamento das faculdades, um em cada três instituições de ensino superior não consegue pontuação pelo menos satisfatória. E o desempenho de 15 delas – quatro universidades e 11 centros universitários – é tão ruim que o MEC vai cortar-lhes a autonomia para abrir cursos ou expandir atividades sem prévia autorização.
No universo avaliado de 2.137 instituições de ensino, com índice de 0 a 500 e notas de 1 a 5, 12 não conseguiram ir além da nota 1, e nada menos do que 687 (32,15%) ficaram com 2. Nenhuma escola de Minas figurou entre as piores, mas, na média, o ensino superior ministrado no estado tem muito o que melhorar em desempenho e estrutura. Excluídas as importantes universidades estaduais de São Paulo (USP e Unicamp), que não fazem o provão, 25 instituições obtiveram nota máxima e, entre elas, só seis são de Minas, todas públicas, começando pela Escola de Governo (da Fundação João Pinheiro), que ficou no 6º lugar geral, com nota 5 e 440 pontos. A lista das melhores revela o avanço ainda tímido em quantidade, mas marcante em qualidade das escolas privadas de ensino superior. Das 25, apenas três não são públicas, mas elas garantiram a liderança do primeiro ao terceiro lugar. As três são voltadas para a preparação de profissionais especializados em administração, economia e finanças, mercado que, como em todo o mundo, remunera com salários capazes de atrair talentos, mas que exige qualificação elevada.
Essa qualidade é, aliás, o grande desafio que o país tem pela frente se quiser mesmo ter papel de protagonista na economia mundial, pois não se trata de uma exigência localizada apenas em um setor. Pelo contrário. Nenhum país será competitivo sem contar com padrão avançado em praticamente todas as áreas do conhecimento técnico e científico, das atividades de engenharia até as de direito, passando pela capacidade de produzir cultura e de transmitir conhecimento. E o levantamento do MEC comprova o que pesquisas e avaliações realizadas no exterior já vinham indicando: o Brasil ainda não concedeu à formação universitária de sua juventude prioridade similar à dos países desenvolvidos. Além das que tomaram bomba, a maioria das instituições avaliadas pelos critérios do IGC – 945, representando 44,1% – ficou com a nota três, suficiente para não ser reprovada pelo MEC, mas perigosamente abaixo do padrão internacional. É hora de o país parar de se contentar com pouco e de se vangloriar por avanços insignificantes na educação. Há trabalho pesado a ser feito e é melhor começar a enfrentá-lo o quanto antes.
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