Época
Entre 2010 e 2020 o número de idosos de 60 a 79 anos aumentará em quase 8 milhões de pessoas – aumento de mais de 45%
O tema do envelhecimento da população tem sido vastamente discutido há anos literalmente no mundo inteiro. No Brasil, haverá três fenômenos que ocorrerão concomitantemente. Primeiro, haverá um número proporcionalmente muito maior de idosos, em função da progressiva passagem para a terceira idade da geração que gerou o boom populacional há algumas décadas. Segundo, os idosos vão viver mais, pelas transformações ocorridas na área da medicina e pelo maior acesso à informação. E, terceiro – fato em geral pouco destacado –, haverá menos crianças e adolescentes. Na tabela, mostram-se a mudança do perfil e a aceleração de uma tendência já observada nos últimos anos.
Alguns números ajudam a reforçar a importância disso. Em 2010, a população brasileira de indivíduos entre 0 e 14 anos é de 49 milhões de pessoas, enquanto a de 60 anos ou mais é de 19 milhões. Em 2050, as projeções demográficas do IBGE mostram que esses contingentes deverão ser de 28 milhões e 64 milhões de pessoas, respectivamente. Ou seja, haverá 21 milhões de crianças e adolescentes a menos e mais 45 milhões de idosos.
Entre 2010 e 2020, essas mudanças já se farão sentir (leia no gráfico abaixo da tabela). Observem-se, nesse particular, algumas alterações importantes em relação à trajetória mais recente das variáveis. Note-se, em particular, que o contingente de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos – tipicamente associado aos alunos do ensino fundamental – ainda aumentou muito ligeiramente entre 2000 e 2010, mas deverá encolher em termos absolutos em torno de 15% entre 2010 e 2020, o que aponta para um perfil de país muito diferente do atual. Enquanto isso, entre 2010 e 2020 o número de idosos de 60 a 79 anos aumentará em quase 8 milhões de pessoas – aumento de mais de 45% –, e com 80 anos ou mais em torno de quase 1,5 milhão de pessoas – com aumento em proporção similar ao dos demais idosos. Aqueles que têm 60 anos ou mais, que eram 19 milhões de pessoas em 2010, serão mais de 28 milhões em 2020.
Nesse contexto, dois outros dados merecem ser citados:
- o número de crianças especificamente de 0 a 4 anos, estimado em 15,4 milhões de indivíduos em 2010, deverá cair para uma projeção de 12,7 milhões de indivíduos em 2020; e
- a proporção de pessoas com menos de 20 anos (0 a 19 anos), que era de 50% da população total em 1980 e já caiu para 34% em 2010, deverá continuar a encolher, para 28% do total em 2020.
Finalmente, para dar uma ideia da trajetória ao longo do período 2010-2020, o último gráfico da página ao lado apresenta as taxas de crescimento da população por grupos específicos, em relação ao ano imediatamente anterior. Os números dão uma ideia clara do que se espera que ocorra com cada grupo no decorrer dos anos, para além das médias do período.
Tais números impõem enormes desafios. Dois deles são particularmente importantes na definição das políticas públicas. Em primeiro lugar, a tendência é que na década de 2020 a população mais dinâmica em termos de inovações e capacidade de absorver novas tecnologias no mercado de trabalho – o contingente de ativos de 20 a 39 anos – comece a declinar em termos absolutos, depois de ter crescido a uma média de 1,3% ao ano nos últimos dez anos, o que será um problema para ter aumentos de produtividade significativos na economia. E, em segundo lugar, com a queda do número absoluto de crianças e jovens, embora a educação continue a ser muito importante, o fato é que, sendo menor o contingente de jovens que ingressam a cada ano no mercado de trabalho, será provavelmente preciso reforçar os mecanismos de retreinamento de mão de obra. Isso se deve ao fato de que uma pessoa de 20 anos que tiver tido uma educação deficiente provavelmente continuará ainda no mercado de trabalho por 35 a 40 anos.
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