EDITORIAL
CORREIO BRAZILIENSE
1/12/2010
O retrato da população brasileira estampado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2010, exibe importantes mudanças úteis à dinamização, daqui por diante, das ações estratégicas do governo. O trabalho anotou perfis novos na composição dos estratos sociais, nas tendências econômicas e no posicionamento das unidades federadas sob diversos aspectos. Ressalte-se como dado essencial, embora já sedimentado nas expectativas gerais, o fato de o país contar hoje com 190.732,694 habitantes, 20.933.524 a mais do que em 2000 (crescimento de 12,3%).
A expansão populacional não teria impacto relevante nas obrigações do Estado, eis que inserida no planejamento de longo prazo, se fator adicional não a tornasse inquietante. Trata-se do envelhecimento que, hoje, abrange grande parte de homens e mulheres e tende a aumentar de forma inexorável. Na década passada, o maior contingente humano era constituído por crianças de até 10 anos. Agora, foram substituídas pelos jovens e, por derivação, adultos e idosos.
Com a inversão da pirâmide etária, pronta a agravar-se ao correr dos próximos anos, desatam-se problemas complexos quanto ao provimento de receitas públicas para resolvê-los. Serão inevitáveis gastos crescentes da Previdência Social para cobrir os proventos de cidadãos não contributivos (os idosos). Pela mesma razão, sobrecarregam-se as despesas com as políticas de saúde pública e de assistência social. No tocante a tais desafios, o futuro não é nada animador. Cumpre enfrentá-lo desde agora mediante reformas consistentes, em particular a da Previdência Social.
Na avaliação mais ampla, o informe do IBGE traz revelações estimulantes. A mobilidade demográfica se deu no sentido inverso das pesquisas de 2000. As migrações concorrem, há tempos, para reduzir a saturação urbana dos grandes centros econômicos: dirigem-se com maior intensidade para cidades interioranas. Significa que, em núcleos à distância das metrópoles, há oferta razoável de empregos e condições sociais adequadas para abrigar trabalhadores.
Mas a transformação mais importante anotada na investigação social do IBGE ocorreu na redistribuição espacial do processo de desenvolvimento. O Centro-Oeste, aqui incluído o Distrito Federal, apresentou o mais alto índice de crescimento econômico do país, seguido pela Região Norte. Daí por que o número de munícipes nas comunas de porte médio (até 100 mil moradores) avançou 48,9% em relação a 2000. Nas cidades com mais de 2 milhões de habitantes, ou seja, nos abrigos dos mais extensos complexos industriais e comerciais, o aumento ficou em 14,5%.
A integração de áreas antes deprimidas ao regime produtivo em escala considerável universaliza o progresso econômico e passa a agir para romper as desigualdades na distribuição da riqueza. Cumpre ao governo acolher as realidades mostradas pelo IBGE a fim de programar políticas inovadoras e atentas às transformações em curso.
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