FOLHA DE S. PAULO
É baixíssima, como comprova levantamento feito pela Folha, a participação de mulheres nos cargos mais altos das empresas brasileiras. Tomando como base o ranking "Melhores e Maiores" da revista "Exame", há apenas cinco mulheres na presidência das cem maiores companhias do país.
A proporção é menor quando se amplia o universo pesquisado: nas 450 maiores empresas, apenas 3% são chefiadas por elas.
Quando só é enfocado o estrato mais alto da cúpula executiva, a situação observada no Brasil não contrasta com o que se verifica em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, contabiliza-se igualmente em 3% a presença feminina na presidência das grandes companhias.
Um pouco mais abaixo na escala hierárquica, entretanto, o caso brasileiro começa a revelar suas particularidades. Nos cargos de diretoria e de vice-presidência, há 25% de mulheres nas empresas americanas, contra apenas 9% nas brasileiras. Os postos de gerente se dividem de modo igual entre homens e mulheres nos Estados Unidos, enquanto no Brasil a participação feminina se limita a 35% das vagas disponíveis.
Não há como não ver o peso do preconceito em tal desequilíbrio nas oportunidades de ascensão profissional. Provavelmente, a garantia teórica de direitos iguais para homens e mulheres pode até ser assegurada em seus aspectos fundamentais, sem que no plano mais subjetivo e individualizado das escolhas para postos de chefia um espírito igualitário se universalize com facilidade.
Eis um caso em que o mundo político, com todos os seus percalços e arcaísmos, parece até mostrar-se em maior avanço do que a esfera privada. Há no mundo 20 mulheres, entre as quais a brasileira Dilma Rousseff, à testa dos governos de seus países -algo como 10% do total. É pouco; mas só se pode esperar que a proporção contribua, com o tempo, e pelo exemplo positivo, a dissipar os preconceitos que persistem.
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