CORREIO BRAZILIEENSE
Pergunte a qualquer passageiro sobre a eficiência do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek e ele apontará vários problemas, com destaque para o desconforto, a insuficiência de vagas de estacionamento, as falhas do serviço de táxi e — resposta praticamente unânime — os preços abusivos. A lista compõe senso comum, tanto que o Correio acaba de comprovar, em enquete, o que todos estão cansados de saber. O jornal se deu ao trabalho de conferir o óbvio depois que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou, na segunda-feira, estudo que aponta o terminal de Brasília como o mais eficiente do país.
Não se pense, contudo, que os dois levantamentos sejam divergentes. Eles, na verdade, são complementares. É que a avaliação do órgão oficial focou apenas no desempenho financeiro. Foi feita com base na fórmula matemática de um parâmetro internacional conhecido pela sigla WLU (work load units). É simples: divide-se o número de embarques e desembarques e o volume de cargas pelo custo operacional, administrativo e financeiro e tem-se o resultado. Desse ponto de vista, o primeiro lugar no ranking foi barbada. Para se ter ideia, o brasiliense alcançou pontuação 111,3 e o mais mal colocado, o Tom Jobim (Galeão), do Rio de Janeiro, 27,06.
Ainda a título de comparação, e para completar o rol dos quatros maiores entre os 16 avaliados, Guarulhos (São Paulo) obteve 52,66 e Confins (Belo Horizonte), 65,91. Todos agora terão de cumprir metas estipuladas pela Anac para melhorar a eficiência (ou a rentabilidade) ainda este ano. E os objetivos são o corte de custos ou o aumento do número de usuários e do volume de cargas, ou seja, com risco de mais congestionamento. A questão é: e a qualidade dos serviços, esqueceram-se dela? Em absoluto! Será objeto de avaliação… futura. Antes disso, a agência terá assunto certamente mais importante e urgente com que se ocupar, dada a escala de prioridades já posta: a definição do reajuste que determinará o valor das tarifas aeroportuárias que vigorarão a partir de 14 de março.
A vez dos passageiros talvez ganhe contornos mais bem definidos em portaria que a Anac está prestes a publicar. Aliás, é forçoso reconhecer que há um conjunto de medidas em implementação para a melhoria de todo o sistema. Lamenta-se apenas que cheguem tão tardiamente, em velocidade bastante inferior à necessária e pela periferia, sem visar a solução do caos que vira e mexe submete os viajantes a degradante via-crúcis nos aeroportos — inclusive no Juscelino Kubitschek, tão positivamente destacado no estudo da agência. O que o transporte aéreo precisa no Brasil é do mesmo que o sustenta nos países em que funciona a contento: de política pública, planejamento e gestão eficientes e constantes.
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