Recessão econômica interrompeu o declínio da pobreza mundial
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse recentemente que países ricos e emergentes prometeram contribuir com US$ 49,3 bilhões para ajudar as nações mais pobres, em uma tentativa de reabastecer um fundo criado para esse propósito. Em uma teleconferência realizada no fim de dois dias destinados à arrecadação de fundos para a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA, sigla em inglês), Zoellick evidenciou que houve aumento de 18% em relação à última arrecadação há três anos. Para ele, essa é uma conquista formidável, dadas as condições econômicas difíceis que os países enfrentam. Mas ele não especificou com quanto os Estados Unidos ou outras nações estavam contribuindo. A IDA é o maior fundo mundial para os países pobres, oferecendo subsídios e empréstimos sem cobrança de juros para serviços básicos como o fornecimento de água limpa, saneamento e melhor assistência maternal nos lugares mais carentes no mundo. O fundo é reabastecido ou recebe um acréscimo ao valor existente a cada três anos. Doadores se reuniram em Bruxelas no começo da semana para anunciar suas contribuições e Zoellick expressou sua gratidão pela boa vontade, num momento em que os orçamentos estão sofrendo cortes e grande parte do mundo ainda luta para se recuperar da crise financeira de 2007-2009.
O quadro de recessão econômica global interrompeu o declínio da pobreza mundial, que foi constante nos últimos 20 anos. O dado aparece num relatório bastante pessimista do programa Metas de Desenvolvimento do Milênio, cujo principal objetivo é reduzir pela metade a pobreza no mundo até 2015. O relatório sugere que 17% dos 6,8 bilhões de pessoas no planeta (cerca de 950 milhões) serão classificadas como extremamente pobres até o fim deste ano. Só em 2009, o contingente foi acrescido em 90 milhões, num claro reflexo da crise. Num discurso ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon apelou aos países do G-8 para que se prontifiquem a ajudar, especialmente a África, no próximo ano, recordando que as promessas feitas anteriormente não haviam sido cumpridas. Vale lembrar que em 2005 os líderes do mesmo bloco prometeram aumentar as quantias destinadas à ajuda ao desenvolvimento em US$ 50 bilhões até 2010, sendo a metade deste valor para a África. Contudo, a quantia continua pelo menos US$ 20 bilhões abaixo do acordado.
Mas estas estatísticas atuais são o espelho real do problema: há 800 milhões de pessoas desnutridas no mundo; 11 mil crianças morrem de fome a cada dia; um terço das crianças dos países em desenvolvimento apresentam atraso no crescimento físico e intelectual; 1,3 bilhão de pessoas no planeta não dispõem de água potável; 40% das mulheres dos países emergentes são anêmicas e encontram-se abaixo do peso; uma pessoa em cada grupo de sete padece de fome crônica na Terra. Aos governantes dos países ricos fica, pois, posto o desafio para o combate sistemático a essa chaga social.
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