A revisão da estratégia dos EUA para a Guerra do Afeganistão, divulgada ontem, reafirma a intenção de iniciar em julho do ano que vem a retirada das tropas americanas. Elas se encontram no país desde o fim de 2001, em resposta aos ataques do 11 de Setembro.
O texto fala em uma redução "responsável e condicionada" da presença militar, com o objetivo de entregar a segurança do país às autoridades afegãs em 2014. Mas admite que os recentes ganhos no combate aos extremistas do Taleban são frágeis e reversíveis.
Ao assumir o comando das tropas no Afeganistão, em julho, o general David Petraeus asseverou que sua missão não era "supervisionar uma saída honrosa".
Meses depois, parece ser exatamente isso o que está fazendo. A revisão agora divulgada garante que o objetivo principal permanece sendo desmantelar a rede Al Qaeda, e assim evitar que o Afeganistão e o Paquistão se tornem refúgios seguros para terroristas. Mas a falta de auxílio dos oficialmente aliados paquistaneses e a corrupção que grassa no governo afegão dificultam muito a missão.
Petraeus comandou no Iraque o "surge", uma bem-sucedida escalada no contingente que ajudou a diminuir a violência no país e permitiu que, a seguir, grande parte dos militares dos EUA se retirasse. No Afeganistão, tenta repetir a estratégia. Sob Barack Obama, o número de soldados no país dobrou, chegando a 100 mil.
Mas o sucesso da escalada no Iraque também se deveu a alianças com líderes tribais, o que não vem se repetindo no Afeganistão. Os indicadores do "surge" afegão não são animadores -2010 já é o ano mais mortífero para tropas dos EUA, com 489 baixas, contra 317 no ano anterior.
Falar agora em iniciar uma redução das tropas, por gradual que seja, parece um capricho de Obama -para, ao menos desta vez, se manter fiel a um cronograma que ele próprio traçou. Ou, então, uma concessão às pressões dos que julgam que os EUA já gastaram recursos demais na guerra. Não é, contudo, uma decisão que se justifique militarmente.
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