terça-feira, 4 de maio de 2010

Breves considerações sobre um certo tipo de democracia


A reportagem dá uma sensação ou impressão errada, absolutamente errada. Dá-nos a impressão de que os ditadores abaixo caricaturados foram impostos de fora para dentro, que a sociedade foi pega de surpresa e, não mais que de repente, alçaram o poder e de lá não querem sair. Ledo engano, lamento informar, ledo engano.

Todos os que aparecem na foto foram eleitos democraticamente. Sob o ponto de vista de suas sociedades, tais dirigentes foram demandados, esperados como solução para seus problemas. Estão lá, queiramos ou não, por sufrágio universalmente reconhecido, o voto. 

Ao longo da História recente da Humanidade, desde o Iluminismo para cá, muitos ditadores foram eleitos e sustentados por suas sociedades. Até Hitler logrou êxtio em eleições. O partido nazista foi a segundo turno e venceu. Da mesma forma Il Duce, Mussolini, com o partido facista. Esses tinham uma razão. A fome, o frio, a miséria absoluta que perdurou após a Primeira Guerra Mundial, mais o loteamento desmensurado das grandes potências sobre o espólio do Império Otomano e sobre as riquezas dos países europeus mais endividados geraram tais sentimentos de união coeso em torno de propostas de saída que, até então, aquelas sociedades desconheciam.

Isto mesmo, não se revolte. Não se revolte comigo. Revolte-se contra a mídia e os professores dos últimos trinta anos para cá que não têm ofertado ensino de qualidade além o de decoreba que não permite que os cidadãos avaliem e discutam uma realidade social e, com base no conhecimento que lhes fora furtado, tenham condições de elaborar suas conclusões.

Os ditadores caricaturados são fruto de sociedades que cansaram de viver em desigualdade social. É, isto também vale para as sociedades do Caribe e do Oriente Médio. A desigualdade não é válida somente para ocidentais. A desigualdade que impurra e arrasta cidadãos a se oferecerem como mártires prontos para laceração de outrem em nome de uma ideologia religiosa que lhes deturpa a visão e o entendimento.

Este mouse está mal colocado. Há também a culpa da mídia internacional que não esclarece o cidadão.
Se tivessem a ajuda da mídia veriam que durante as campanhas eleitorais, exceto o atual castrista, ambos tiveram oposição interna e externa, e forte, e atuante, com pessoas viajando pelo mundo a falar dos prováveis absurdos que cometeriam. E, ainda assim, foram eleitos. Eleitos amigos. Eleitos. Ponto!!

Na cadeira de Relações Internacionais, durante o mestrado em Segurança e Defesa que realizei, havia palestras com embaixadores e estudiosos de uma expressiva quantidade de países. Naquelas ocasiões nos era mostrado que a "democracia" sob o nosso ponto de vista, também naqueles países era consolidada nos termos de o presidente ou primeiro-ministro se reunir com o Congresso daqueles países e, a partir de então, tomar e manter decisões. Ou seja, a questão dos donos da verdade como mostra o artigo abaixo pode não ser verdadeira, o que se tem em muitos casos, conforme diferentemente anunciado, são decisões tomadas a partir de consultas aos respectivos representantes do povo. Assim a questão é: Se o povo se faz ouvir, porque eles deliberam algo diferente do que estamos preparados para aceitar como liberdade?

Há que se descobrir a raiz desse problema (sob o meu ou o de mais alguém, ponto de vista - a maioria dessas sociedades não os considera problemas e sim soluções). O que faz o populismo e promessas não factíveis vingarem, lograrem êxito...não tente inferir, não é problema único de Educação, pois absolutamente todas as parcelas daquelas sociedades lhes deram votos....Então, o que há a ser descoberto?

A questão está no fato de nossa vizinhança inteira, fronteiriça (lembrando que o Chile não nos faz fronteira) está seguindo o mesmo caminho, à exceção da Colômbia e Guiana Francesa. Temos que começar a nos preocupar com isto. Os fatos no Paraguai nada mais são de que pequeninas pontas de um enorme iceberg.

Eu, após anos de longos estudos sobre sociedade, segurança, defesa e desenvolvimento até hoje não tive, pela mídia, note-se bem, pela mídia, chance de entender e aprender o porque de as sociedades, conhecendo o passado a propostas desses ditadores escolherem-nos e mantê-los no poder. Quem descobrir, por favor, me ajude a conhecer este comportamento social.




O rato que ruge

A campanha publicitária dos Ditadores Medrosos vira um ícone poderoso ao retratar com humor a ameaça que o mouse, como o símbolo da liberdade de expressão e de informação, representa para os donos da verdade


Campanhas publicitárias costumam ser rápidas, eficazes e fugazes. Passou, acabou. Há aquelas, porém, que transcendem o efeito momentâneo e vão ficando mais impactantes com o tempo. É claro que um tema monumental como a liberdade de expressão ajudou a tornar memorável a campanha Ditadores Medrosos, lançada há um ano pela agência Ogilvy & Mather, de Frankfurt, para a Sociedade Internacional para os Direitos Humanos, organização não governamental alemã criada em 1972 para "atuar contra as injustiças por trás da Cortina de Ferro". Felizmente para todos, a cortina de ferro, expressão churchilliana que englobava a União Soviética e seus satélites, se foi, mas os abusos contra os direitos fundamentais pululam em outras partes. Daí a premiada campanha mostrando três conhecidos donos da verdade apavorados diante de um rato-mouse de computador. Raúl Castro, de Cuba, Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, e Hugo Chávez, da Venezuela, erguem o pezinho, sobem na mesa e fazem cara de pânico diante do pequeno objeto na ponta de um fio que traz embutida a praga de sua existência – informação à vontade. Era assim em 2008, quando a campanha ficou pronta, era assim em maio de 2009, quando ganhou um Clio, o maior prêmio da propaganda, é assim muito mais hoje em dia, quando Castro, Ahmadinejad, Chávez e correlatos oprimem seus cidadãos, perseguem os que ousam confrontá-los, ofendem o senso de justiça e liberdade de toda a humanidade e parecem inamovíveis.
As fotos da campanha foram tiradas em cenários montados na prefeitura da cidade de Wuppertal, um prédio do século XIX em estilo eclético. Foram usados tanto sósias como dublês de corpo, fazendo gestos e expressões faciais. Por fim, no computador as imagens foram ajustadas a fotos originais dos três tiranetes, para ficarem mais naturais. Chávez e Raúl trajam roupas habituais, mas o falso Ahmadinejad aparece todo de branco, como se a qualquer momento fosse cantar um bolerão. Segundo profissionais que participaram da campanha, o mais difícil foi encontrar fotos dos três tiranetes que se aproximassem de um rosto assustado – déspotas, pela própria natureza, são bons em insuflar medo, e não em exibi-lo, até aquele momento em que a maré da história dá uma virada e... todo mundo sabe como acaba. Será que os poderosos com medo do ratinho que ruge ainda virarão pôster?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

GEOMAPS


celulares

ClustMaps