O primeiro grupo de investidores chineses se prepara para desembarcar no oeste da Bahia
O primeiro grupo de investidores chineses se prepara para desembarcar no oeste da Bahia. Depois de muitas especulações sobre o interesse de estrangeiros na região - nova fronteira agrícola -, a empresa Pallas International assinou com o governo baiano um protocolo de intenções para se instalar no Estado e produzir grãos para exportação, além de atuar em bioenergia.
O grupo chinês, formado por investidores privados, mas com o governo da China como sócio, quer comprar de 200 mil e 250 mil hectares de terras, tanto no oeste da Bahia quanto na região conhecida como Mapito, o cerrado do Maranhão, Piauí e Tocantins.
"Eles precisavam desse protocolo para acelerar a parte burocrática na China", comemora Eduardo Salles, secretário de Agricultura da Bahia. Várias empresas estrangeiras estão instaladas e produzindo nessa nova fronteira agrícola. Americanos, holandeses, portugueses e japoneses fazem parte do cotidiano de Luís Eduardo Magalhães e arredores. Há pelo menos dez empresas de médio ou grande porte cultivando principalmente algodão, soja e milho.
Já conhecidos pela população local, os estrangeiros fogem de entrevistas. Ao longo da BR-242, que corta toda Luis Eduardo e termina no litoral de Salvador, pelos menos três hotéis de alto padrão costumam receber os estrangeiros que visitam a região. "Sempre tem alguém por aqui falando outra língua. Desde janeiro estamos lotados para a primeira semana de junho, quando começa nossa feira Bahia Farm Show", diz a recepcionista de um desses hotéis.
A investida chinesa na Bahia se dá na sequência de outros dois megainvestimentos anunciados recentemente. Na semana passada, a estatal de energia elétrica State Grid Corporation of China assumiu o controle de sete das 12 empresas da Plena Transmissoras, por R$ 3,1 bilhão. Ao mesmo tempo, a Sinochem adquiriu 40% do Campo Peregrino, na bacia de Campos, em mãos da norueguesa Statoil, por US$ 3,7 bilhões.
A intenção de transferir capital para o Brasil e a América Latina foi explicitada ontem, em Paris, por Gao Xiqing, presidente da China Investment Corporation, o poderoso fundo soberano chinês, com ativos de US$ 300 bilhões. "Planejamos alocar mais dinheiro para o Brasil e outros emergentes do que para a Europa", declarou o executivo. "Já temos presença em importantes companhias brasileiras e não focamos só em recursos naturais".
Pouco antes, num debate da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), ele reclamou que o fundo soberano chinês é alvo de barreiras nos países industrializados. "Isso é ignorância sobre o que fazemos e como agimos", afirmou.
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