O PODER AÉREO
José NOGUEIRA Sobrinho – Ten Cel Esp Av Ref FAB
Oficial de Segurança de Vôo, Oficial de Manutenção e Engenheiro de Vôo da Força Aérea.
E-mail gonnog@hotlink.com.br
I – HISTÓRICO
O Poder Aéreo é uma das expressões do Poder Militar, junto com o Poder Terrestre e o Poder Naval. Compreende as forças aéreas das três armas, campo, portanto, de atuação da Força Aérea Brasileira (FAB).
Na 1ª Grande Guerra, exércitos e marinhas improvisadamente empregaram aeronaves em missões de bombardeio e de observação aérea. O avião era visto como um canhão de grande alcance ou mera plataforma de observação visual, antecessora do reconhecimento foto. Desarmados, aviões inimigos cruzavam-se e não se hostilizavam. Os aviões de bombardeio carregavam apenas bombas, e os de observação, homens com binóculos. Surgiu então a idéia de armar os aviões de observação, menores e mais leves, velozes e manobráveis, para “caçar” e abater o inimigo, o que originou o combate aéreo e a aviação de caça.
Como os bombardeiros rompiam a “frente” de combate para atacar pelo ar o “coração” do inimigo, logo os caças passaram a fazer a escolta do vôo reto e nivelado dos bombardeiros. O progresso acabou levando à síntese do caça-bombardeiro multiuso, e já é realidade o avião de combate sem navegador e sem piloto.
Essas missões de caça e escolta, hoje defesa aérea (interceptação de alvos invasores do espaço aéreo nacional) e ações aeroestratégicas (bombardeios para além das fronteiras nacionais), independiam das missões táticas (as executadas nos campos de batalha) das aviações dos exércitos e das marinhas, e apontavam para a formação de forças aéreas independentes dessas duas armas, como é o caso da FAB.
II – TEORIA E PRÁTICA
É questão antiga entre estrategistas, exércitos e marinhas de um lado, e forças aéreas de outro, a necessidade ou não de uma força aérea singular, independente das forças de terra e mar.
Os defensores do Poder Aéreo afirmam que podem vencer a guerra (tese até hoje não comprovada) com ações aeroestratégicas, atingindo o coração do inimigo; e com ações aerotáticas, no Teatro de Operações (TO), para o domínio do espaço aéreo (prioritário em relação à interdição e ao apoio aéreo aproximado), garantindo livre trânsito às operações de superfície, o que se consolida pela interdição do campo de batalha.
Os ideólogos do Poder Terrestre e do Poder Marítimo aceitam como verdadeiras as teses do Poder Aéreo, mas, pragmáticos, argumentam que as manobras de superfície (TO terrestre ou marítimo) envolvem quantidade tão grande de meios de apoio, inclusive os aéreos, que se torna obrigatório submetê-los ao comando único da força terrestre ou naval.
Os debates levaram à criação de uma terceira força aérea, embora a disputa por espaços continue. De fato, o Poder Aéreo, nas ações aerotáticas, é exercido pelas forças aéreas dos exércitos e das marinhas nos seus respectivos teatros de operações; e nas ações aeroestratégicas e de defesa aérea, pelas forças aéreas singulares. São estas as balizas teóricas da prática operacional harmoniosa nas três forças aéreas.
III – POR QUE TRÊS FORÇAS AÉREAS
Uma só força aérea concentra meios, mas gera conflitos na hora do emprego, comprometendo as funções Comando, Coordenação, Controle, Comunicações e Informações (C4I), o que a inviabiliza como força. E duas forças aéreas (exército e marinha) apenas dividem os meios adequados a cada uma em função do emprego, bem definido e não-conflitante, resolvendo as ações aerotáticas, mas deixando pendentes as ações aeroestratégicas e defesa aérea.
A solução, tanto econômica, como doutrinária, é mesmo a manutenção das três forças aéreas, evitando superposições. Equivale a se ter uma só força aérea sem os conflitos do emprego, e implica uma clara política de defesa aérea que defina o que cabe a cada uma delas, dentro de suas especificidades, tarefa agora possível com a criação do Ministério da Defesa.
Nesse contexto, a FAB foi criada em 20 de janeiro de 1941, com o acervo das então indevidamente extintas e hoje reativadas forças aéreas do Exército e da Marinha.
Com ética e verdade, FORÇA AÉREA, BRASIL!
Recife – 2008 – Reproduza e divulgue – “ENSAIOS” – pág 6.
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