Lamentavelmente este ministro foi demitido, por Lula, por telefone, do MEC, caso não se recordem. Ele em Brasília foi um excelente administrador. Perdeu a reeleição para Roriz por ser autêntico e o outro uma raposa velha. Durante um debate que assisti, ele dominou e reduziu Roriz ao seu lugar, como Kennedy fez em um debate contra Nixon. Roriz, raposa velha (não me canso de dizer) usou magistralmente a situação, fez uma cara de desamparado fazendo com que o eleitorado mais simples achasse que Buarque era prepotente.
Aí vem o detalhe: O eleitorado mais simples em Brasília tem acesso à televisão e a evasão escolar é baixa por um detalhe também muito simples que difere a cidade das demais no país: Acessibilidade. As vias e transportes públicos levam os candangos para onde eles precisarem. Este é um dos fatores que pesam na evasão escolar no resto do país. De toda sorte, muito mérito para ele e gostei, como cidadão vivente em BSB, de sua administração.
Thomas Friedman, no excelente livro "O mundo é plano" apenas sugere o que o ex-reitor da UNB fala no seu livro: Globalização é excludente. O que teríamos de solução é a Educação, contudo a Educação também, por ser de natureza ampla, se dá fora da escola. Se não selecionarmos e eliminarmos programas tipo BBB, novelas que questionam valores sociais consolidados, programas televisivos voltados para a violência e enfatizando, desnecessariamente, as mazelas da sociedade, pouco conseguiremos de resultados melhores. O homem é produto do meio, físico, social, conceitual e educativo.
Ainda, a propósito do Cristóvão Buarque, ele Foi muito mais adminstrador do que político. Admirei demais a gestão dele no GDF.
By the way!! Eu não gosto dele, mas sou uma pessoa justa.
Se algo apaixona o ex-ministro da Educação brasileiro e atual senador Cristovam Buarque (nascido em Recife em 1944) é buscar respostas. Um descanso durante sua estada em Madri serviu para uma rápida visita a uma livraria, onde adquiriu três livros de autores muito diferentes (o austríaco Stefan Zweig, o libanês Amin Maalouf e o espanhol Fernando Díez Martín), mas com um tema em comum. Os três títulos procuram porquês, e não estranha que seu livro, "Um Novo Mundo Feliz: Dicionário pessoal dos horrores e das esperanças do mundo globalizado" (ed. Taurus, 2010), busque precisamente as modificações que a modernidade deixou nas palavras. "Há novas palavras, ou as mesmas mas com outros usos. Para ter as soluções, é preciso entender o que enfrentamos."
"A globalização causou uma brecha entre ricos e pobres que supera a desigualdade e exige outras interpretações", afirma. Engenheiro, economista e ex-reitor da Universidade de Brasília, Buarque não esquece que foi um professor. A cada pergunta, pede papéis e desenha diagramas para esclarecer suas respostas. "Não há país que exemplifique melhor os problemas atuais que o meu. O Brasil é o retrato da globalização. Apenas alguns metros separam os milionários dos mais pobres, mas não existe uma convivência."
Segundo Buarque, a globalização aumentou o abismo entre as classes. "É verdade que há um mundo globalizado, mas este só pertence à classe alta", salienta. Dá como exemplo o hotel onde se realiza a entrevista. "Este hotel não se distingue de um em Nova York, em São Paulo ou em Kinshasa", afirma. "Os ricos voam nos mesmos aviões, leem os mesmos livros, vestem a mesma roupa e até usam a mesma gravata." Um mundo separado por "muralhas modernas", o que define como "a cortina de ouro": a firme divisão entre classes. O maior risco, acrescenta, é o desinteresse e a frieza da sociedade moderna em relação à miséria. Frieza diante de assuntos tão sérios quanto as "meninas Paraguai" que menciona em seu livro: menores de idade que se prostituem nas cidades do nordeste do Brasil por R$ 1,99.
A solução? "A educação. A população não deve aspirar a ter todos o mesmo carro, e sim as mesmas oportunidades", afirma. As deficiências do sistema educacional causam "o desperdício de talentos". "O Brasil tem cinco Copas do Mundo, mas nenhum Prêmio Nobel. A falta de preparo e a pobreza são um círculo vicioso", comenta.
Quando foi governador de Brasília, Cristovam Buarque implementou o programa Bolsa Escola, uma ajuda dada em troca de as crianças assistirem a 90% das aulas. A evasão escolar se reduziu de 10% para 0,4% e o programa foi adaptado para outros países da América Latina.
O que acontecerá se as coisas não mudarem? "A desigualdade será um eufemismo para nos referimos à realidade. A brecha será tão grande que uma classe não se reconhecerá na outra. Os seres humanos seremos tão estranhos uns aos outros que será como quando os europeus chegaram à América e discutiam se os indígenas tinham alma."
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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