Não quero ser inconoclasta. A bem da verdade, uma boa imagem de nós é importante no exterior, afinal, precisamos deixar de ser "república das bananas" de alguma forma, algum dia.
Tampouco quero ser um ícone contra a defesa do meio-ambiente, mas as ações de personagens mundiais defendendo causas nossas sem nos proporcionar todo o cenário reforça a tese de que, no fundo, não passamos de "nativos do país das bananas", sem discernimento ou qualquer capacidade de visão de longo prazo.
A mídia mundial é poderosa. Mobilizadora de opinões ela tanto estimula investimentos como derruba reputações, no mesmo caminho pelo qual se serve de pouca capacidade de julgamento crítico de seus leitores para induzir a posturas e opiniões que acabam por colocá-los órfãos quando acontecimentos de vulto, importantes para o dia-a-dia de uma sociedade ocorrem e demandam ações de seus representantes públicos.
A mídia mundial vem dando uma excelente projeção a nosso atual dignatário o que nos coloca em uma ribalta importante.
Esta visibilidade estimula investimentos que nos auxilia na compensação de contas públicas que nos é difícil de pagar. Isso se dá em função de nossa elevada carga tributária que, no fundo, é fruto de uma compensação de desigualdades. Só que estas desigualdades são frutos de baixas compensações históricas, mas também são oriundas de dificuldades estruturais que tivemos e ainda temos que impede que venhamos a nos desenvolver de forma estável e sustentada por, pelo menos, nos próximos vinte anos.
Ao mesmo tempo em que a poderosa mídia social projeta nosso presidente para o mundo, investidores alertam-se do excepcional ambiente de investimentos que ele representa e garante. Decorre daí que muitos passam a investir no país, mas investem em mercado e não na economia. Investir na economia significa arriscar em grandes projetos que somente começarão a dar retorno em dez ou vinte anos. Estes investimentos significam projetos estruturais. Energia, estradas, saneamento básico, logística etc etc fazem parte de um fabuloso elenco de elementos de economia que geram empregos, arrecadações e desenvolvimentos por investimentos diretos nas economias locais onde os grandes projetos seriam desenvolvidos. A inclusão de significativa parcela em postos de trabalho geraria ocupação e redução de ociosidade. Também significaria diminuição de êxodo humano para aglutinação em torno de bolsões habitacionais em grandes cidades. A violência urbana seria um dos atores que seriam reduzidos quase que de imediato.
Mas a mesma mídia internacional insiste em levantar bandeiras em favor dos eternos movimentos "politicamente corretos" em torno de defesa do meio-ambiente. Só que o que acima se substancia se este não for diminuído. Ou seja, ou se desenvolve ou se preserva.
É neste momento que se observa que os grandes investidores o fazem em mercado e não em economia, pois quando houver uma dificuldade em se gerar riqueza a partir de promessas tais como o pré-sal, a título de exemplo, há uma tendência em se encarecer, via tributos, produtos e serviços, pois se não houver investimentos em desenvolvimento da economia, da geração de emprego, a carga tributária tende-se a se elevar e as arrecadações, por consequência, seguem a mesma linha. Aí a relação custo benefício dos investimentos estrangeiros passa a não compensar, pois há muitos países na fila para investimentos em mão-de-obra mais barata e condições de infra-estrutura melhores para produção e escoamento e vendas no mercado externo dessa produção. Estas condições são melhores pois a nós será negada a capacidade de se captar caríssimos recursos para se proporcionar boas estradas, ampliação da malha de energia elétrica, construção de pólos multi-modais de vias de transporte, etc etc, pois estes, infelizmente, causam enormes impactos no meio-ambiente que o canto da sereia ensina a nossos incautos e ao mundo que é proibitivo. Aliás, "um aneurisma na selva" foi a última e a melhor das estultices que ouvi nos últimos anos.
Dependendo do resultado das eleições, tais pesadelos começarão a ocorrer em nossa economia, pois o dinheiro, atraído pelo cando de sereia orquestrado pela poderosa mídia internacional, começará a cobrar a conta dos recursos que não foram empregados na economia, na infra-estrutura, na sustentabilidade econônomica. Eles tenderão a fugir para outros mercados, outros incautos serão seus futuros alvos.
É nesta hora que o cidadão brasileiro perceberá que está ficando órfão.
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