Thomaz Wood Jr.
Uma edição recente da revista Academyof Management Perspectives traz artigo de Jeffrey Pfeffer. O autor é um renomado pesquisador e professor da Universidade de Stanford. Nos últimos anos, ele consolidou sua reputação com artigos polêmicos sobre a irrelevância da pesquisa científica no campo da gestão e sobre o baixo benefício agregado pelos programas de MBA.
No presente artigo, Pfeffer orienta sua pena para uma crítica da abordagem empresarial ao tema da sustentabilidade. Tal tema, como bem sabem nossos ilustrados leitores, ganhou relevância nas últimas décadas, tendo sido incorporado à agenda das empresas. Naturalmente, a resposta corporativa é heterogênea: enquanto algumas empresas tomam a liderança, inserem o assunto em sua pauta estratégica e procuram rever seus negócios ou até mesmo criar novos negócios, outras apenas maquiam suas operações para se conformar à legislação e às pressões de organizações sociais e grupos de interesse.
Operar de forma sustentável significa conservar os recursos naturais e evitar desperdícios, de forma que a atividade econômica se sustente ao longo do tempo. Obviamente, isso significa contrapor pressões por resultados a curto prazo. Operar de forma sustentável significa também preservar a vida e o estilo de vida, inclusive valores culturais.
Com a ascensão do tema, criou-se nos últimos anos a expectativa de que as empresas poderiam reverter suas ações predatórias sobre o meio e também ajudar a resolver questões sociais e ambientais. Pressionadas para se tornar verdes, as empresas responderam da maneira mais simples possível: pintando suas fachadas em tons arbóreos. Significativamente, a sustentabilidade tornou-se um grande negócio para consultores, técnicos ambientais, relações públicas e assessores das mais diversas especialidades.
O argumento de Pfeffer é que o foco da sustentabilidade tem sido voltado a questões relacionadas ao ambiente físico, mas que as empresas afetam também o ambiente humano e social, gerando impactos sobre a saúde e a condição de vida, especialmente em seus funcionários. O autor ilustra seu ponto de vista com casos de grandes corporações que não poupam esforços para divulgar suas iniciativas ambientais, porém mantêm práticas miseráveis de gestão de pessoas, com salários baixos, benefícios restritos, longas jornadas e condições estressantes, insalubres ou perigosas de trabalho. Tais condições, conforme demonstram estudos compilados por Pfeffer, prejudicam a qualidade de vida, deterioram a saúde e reduzem a expectativa de vida.
Uma das corporações citadas no artigo é a British Petroleum, que não se cansa de promover suas iniciativas verdes, porém foi condenada a pagar uma multa de 87 milhões de dólares por uma explosão que matou 15 operários em uma refinaria no Texas. A multa puniu a companhia pela explosão e por não ter corrigido problemas de segurança, mesmo depois do desastre. A empresa é a mesma que vem agora ocupando o noticiário internacional em razão de uma nova catástrofe, a explosão seguida de vazamento de petróleo no Golfo do México.
Por que as companhias privilegiam a sustentabilidade ambiental em detrimento da sustentabilidade humana? Talvez porque ações sobre o ambiente físico sejam mais visíveis: icebergs derretendo, árvores derrubadas, ursos polares ameaçados e baleias encurraladas geram cenas espetaculares nas telas da tevê, porém, funcionários trabalhando 12 ou 14 horas por dia dificilmente viram notícia. No entanto, há outras explicações. A primeira delas é que muitas empresas são ainda arranjos semifeudais, ajuntamentos mal coordenados de pequenos castelos que trabalham isolados, com focos próprios. Assim, enquanto as áreas operacionais, com apoio de recursos humanos, mantêm com mão de ferro o controle sobre os custos de mão de obra, as áreas de relações institucionais e responsabilidade social têm verba própria para promover iniciativas de sustentabilidade, tingindo assim de verde a fachada da empresa.
Outra explicação é que as companhias reagem às pressões do meio, porém o fazem segundo seus próprios interesses. Se o meio pressiona por respeito ao meio ambiente e às comunidades, porém, se contenta com respostas de pouca substância e efeito pirotécnico, é assim que as empresas responderão.
Muitas organizações já perceberam que dar foco à sustentabilidade humana favorece os negócios: melhora o clima organizacional, reduz conflitos, aumenta o comprometimento e eleva a produtividade. Algumas delas falam muito mais do que fazem. Ainda assim são mais coerentes que seus pares, que tentam tapar o sol com a peneira, ao privilegiar ações de efeito em lugar de cuidar melhor de seus funcionários.
Uma edição recente da revista Academyof Management Perspectives traz artigo de Jeffrey Pfeffer. O autor é um renomado pesquisador e professor da Universidade de Stanford. Nos últimos anos, ele consolidou sua reputação com artigos polêmicos sobre a irrelevância da pesquisa científica no campo da gestão e sobre o baixo benefício agregado pelos programas de MBA.
No presente artigo, Pfeffer orienta sua pena para uma crítica da abordagem empresarial ao tema da sustentabilidade. Tal tema, como bem sabem nossos ilustrados leitores, ganhou relevância nas últimas décadas, tendo sido incorporado à agenda das empresas. Naturalmente, a resposta corporativa é heterogênea: enquanto algumas empresas tomam a liderança, inserem o assunto em sua pauta estratégica e procuram rever seus negócios ou até mesmo criar novos negócios, outras apenas maquiam suas operações para se conformar à legislação e às pressões de organizações sociais e grupos de interesse.
Operar de forma sustentável significa conservar os recursos naturais e evitar desperdícios, de forma que a atividade econômica se sustente ao longo do tempo. Obviamente, isso significa contrapor pressões por resultados a curto prazo. Operar de forma sustentável significa também preservar a vida e o estilo de vida, inclusive valores culturais.
Com a ascensão do tema, criou-se nos últimos anos a expectativa de que as empresas poderiam reverter suas ações predatórias sobre o meio e também ajudar a resolver questões sociais e ambientais. Pressionadas para se tornar verdes, as empresas responderam da maneira mais simples possível: pintando suas fachadas em tons arbóreos. Significativamente, a sustentabilidade tornou-se um grande negócio para consultores, técnicos ambientais, relações públicas e assessores das mais diversas especialidades.
O argumento de Pfeffer é que o foco da sustentabilidade tem sido voltado a questões relacionadas ao ambiente físico, mas que as empresas afetam também o ambiente humano e social, gerando impactos sobre a saúde e a condição de vida, especialmente em seus funcionários. O autor ilustra seu ponto de vista com casos de grandes corporações que não poupam esforços para divulgar suas iniciativas ambientais, porém mantêm práticas miseráveis de gestão de pessoas, com salários baixos, benefícios restritos, longas jornadas e condições estressantes, insalubres ou perigosas de trabalho. Tais condições, conforme demonstram estudos compilados por Pfeffer, prejudicam a qualidade de vida, deterioram a saúde e reduzem a expectativa de vida.
Uma das corporações citadas no artigo é a British Petroleum, que não se cansa de promover suas iniciativas verdes, porém foi condenada a pagar uma multa de 87 milhões de dólares por uma explosão que matou 15 operários em uma refinaria no Texas. A multa puniu a companhia pela explosão e por não ter corrigido problemas de segurança, mesmo depois do desastre. A empresa é a mesma que vem agora ocupando o noticiário internacional em razão de uma nova catástrofe, a explosão seguida de vazamento de petróleo no Golfo do México.
Por que as companhias privilegiam a sustentabilidade ambiental em detrimento da sustentabilidade humana? Talvez porque ações sobre o ambiente físico sejam mais visíveis: icebergs derretendo, árvores derrubadas, ursos polares ameaçados e baleias encurraladas geram cenas espetaculares nas telas da tevê, porém, funcionários trabalhando 12 ou 14 horas por dia dificilmente viram notícia. No entanto, há outras explicações. A primeira delas é que muitas empresas são ainda arranjos semifeudais, ajuntamentos mal coordenados de pequenos castelos que trabalham isolados, com focos próprios. Assim, enquanto as áreas operacionais, com apoio de recursos humanos, mantêm com mão de ferro o controle sobre os custos de mão de obra, as áreas de relações institucionais e responsabilidade social têm verba própria para promover iniciativas de sustentabilidade, tingindo assim de verde a fachada da empresa.
Outra explicação é que as companhias reagem às pressões do meio, porém o fazem segundo seus próprios interesses. Se o meio pressiona por respeito ao meio ambiente e às comunidades, porém, se contenta com respostas de pouca substância e efeito pirotécnico, é assim que as empresas responderão.
Muitas organizações já perceberam que dar foco à sustentabilidade humana favorece os negócios: melhora o clima organizacional, reduz conflitos, aumenta o comprometimento e eleva a produtividade. Algumas delas falam muito mais do que fazem. Ainda assim são mais coerentes que seus pares, que tentam tapar o sol com a peneira, ao privilegiar ações de efeito em lugar de cuidar melhor de seus funcionários.
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