O governo de Dilma Rousseff, por mais que ela já seja bajulada por seu perfil supostamente “técnico”, até aqui parece mais interessado em fazer movimentos que esvaziem a desconfiança nos números da economia. A inflação está em alta e as contas públicas em péssimo estado, por isso o ministro Mantega anunciou cortes que seriam de R$ 50 bilhões nas despesas. Mas a maior parte é de emendas parlamentares que compunham o aumento do orçamento em relação ao ano anterior; ou seja, são gastos do futuro, não do passado ou do presente. Tudo indica que o anúncio visava a criar um clima de credibilidade. O efeito foi o contrário.
Ainda assim, é curioso como ninguém se dá ao trabalho de notar que esse descontrole nos gastos veio das medidas tomadas por Lula durante a crise de 2008, quando Dilma era sua “primeira ministra”, medidas que o mercado aplaudiu porque injetaram dinheiro em setores que geram mais emprego e consumo. Acontece que o movimento inverso, de aliviar o setor produtivo de modo amplo e duradouro com corte de impostos e burocracias, continua inédito na história do Brasil. Em 2010, ciente de que o PIB de 7% dava belo cartaz eleitoral, o governo continuou gastando a rodo. Pseudokeynesianos juram que aumentar gastos públicos não gera inflação, mas eis o fantasma de volta.
Outro tema quase ausente é o do custo de vida, que os índices de inflação nem sempre medem direito. Em cidades como São Paulo, está em níveis absurdos. Tudo, absolutamente tudo, aumentou acima da inflação do ano passado para este. Ônibus, metrô, IPVA, IPTU, escolas particulares, carne, livro, táxi, restaurantes, médicos – todos os itens subiram mais que os 6% do IPCA do período. Já o salário, como diria Chico Anysio, ó… Vivemos numa sociedade em que o governo nos leva quase 40% do que ganhamos e nos obriga a gastar mais 40%, no mínimo, em serviços que, considerando tal carga tributária, deveria prover – ao menos para a grande maioria da população – muito mais e melhor, como saúde, justiça, educação e segurança.
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