Tive a oportunidade de conversar, brevemente, com este erudito intelectual que, "acidentalmente" era nosso Embaixador nos EUA, durante uma cerimônia do dia da Independência Brasileira, em 2006. Disse-lhe que ao invés de conversar brevemente com ele preferia estar assistindo uma de suas aulas.
Se vcs passarem a acompanhar o que ele escreve entenderão o que digo.
Amigos, para um país que tem dificuldades em formar mão-de-obra qualificada e competitiva, que depende de commodities básicas, agrícolas, para se tornar potência mundial e que não consegue avançar na pesquisa e desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, que exigem conhecimento, cultura e alto nível de pesquisa e de especialização para competir no mercado global e não ficar a reboque de clientes majoritários tais como a China, as relações diplomáticas internacionais são fundamentais para nosso desenvolvimento, aliás, considero um patrimônio para nosso futuro e nossos descendentes.
Ocorre que o Senado Federal é quem direciona o que o Chefe do Executivo deve fazer, dizer e negociar tendo em vista os interesses nacionais. Daí, se esta Casa tem maioria que depende e apóia um dirigente que usa tais fundamentais expedientes para sua auto-promoção de suposta liderança, entramos em rumo de colisão que, no mínimo, nos afasta de excelentes oportunidades que, dado nosso "arrasto natural" além do fenomenal "custo Brasil", não nos torna apreciáveis, a não ser pelo excepcional índice de juros que atraem os capitais especulativos e sacrificam cada vez mais, os pequenos e médios empresários que são, no fim da linha, quem mais gera postos de trabalho e arrecadação.
Diplomacia é para Estadista, não é para qualquer um.
PS: Já havia dado um pitaco por ocasião do apoio a Zelaia em 2009.
Estadistas e Tamboretes. Sobre a incrível arte de se esconder um elefante atrás de uma bananeira.
Obama, o Brasil e o Conselho de Segurança
ROBERTO ABDENUR
Se vcs passarem a acompanhar o que ele escreve entenderão o que digo.
Amigos, para um país que tem dificuldades em formar mão-de-obra qualificada e competitiva, que depende de commodities básicas, agrícolas, para se tornar potência mundial e que não consegue avançar na pesquisa e desenvolvimento de produtos de alto valor agregado, que exigem conhecimento, cultura e alto nível de pesquisa e de especialização para competir no mercado global e não ficar a reboque de clientes majoritários tais como a China, as relações diplomáticas internacionais são fundamentais para nosso desenvolvimento, aliás, considero um patrimônio para nosso futuro e nossos descendentes.
Ocorre que o Senado Federal é quem direciona o que o Chefe do Executivo deve fazer, dizer e negociar tendo em vista os interesses nacionais. Daí, se esta Casa tem maioria que depende e apóia um dirigente que usa tais fundamentais expedientes para sua auto-promoção de suposta liderança, entramos em rumo de colisão que, no mínimo, nos afasta de excelentes oportunidades que, dado nosso "arrasto natural" além do fenomenal "custo Brasil", não nos torna apreciáveis, a não ser pelo excepcional índice de juros que atraem os capitais especulativos e sacrificam cada vez mais, os pequenos e médios empresários que são, no fim da linha, quem mais gera postos de trabalho e arrecadação.
Diplomacia é para Estadista, não é para qualquer um.
PS: Já havia dado um pitaco por ocasião do apoio a Zelaia em 2009.
Estadistas e Tamboretes. Sobre a incrível arte de se esconder um elefante atrás de uma bananeira.
Obama, o Brasil e o Conselho de Segurança
ROBERTO ABDENUR
O Estado de S.Paulo
É usual, no contexto da preparação de visitas internacionais, a troca pela imprensa de "recados" entre uma parte e outra. Serve isso para ventilar desde logo certas tendências ou mesmo posicionamentos já cristalizados quanto à agenda das conversações a se darem durante a viagem. Merece atenção, a esse respeito, matéria saída na edição deste jornal do último dia 8 de fevereiro. Nela a correspondente em Washington afirma que o presidente Barack Obama não quer o Brasil no Conselho de Segurança da ONU (CSNU). Segundo fonte do Departamento de Estado, o Brasil teria cometido um "pecado mortal", uma "burrada", ao se opor às sanções aprovadas pelo conselho contra o Irã. Diante disso, quando da visita ao País, em março, Obama só por "milagre" virá a apoiar o pleito brasileiro por assento permanente no CSNU.
O tema merece detida avaliação, pois não deixa de ter algum impacto sobre o relacionamento bilateral, ainda que não constitua condição sine qua non para avanços que são, por sinal, de profundo interesse para ambas as partes. E porque, para além disso, envolve decisões que dizem respeito a como conseguirá a comunidade internacional melhor se organizar para enfrentar os ingentes desafios que se lhe apresentam em numerosas questões de ordem econômica, ambiental, energética, política e de segurança. Um importante antecedente vem desde logo à baila: abandonando a postura de silêncio sobre a questão da ampliação do CSNU, em sua recente viagem a Nova Délhi o presidente Obama desdobrou-se em loas à Índia, cuja candidatura ao conselho endossou plenamente. E o fez ao formalizar-se inédito acordo de cooperação nuclear entre os Estados Unidos e o país que se tornou potência nuclearmente armada ao arrepio do Tratado de Não Proliferação. Foi a Índia, na ocasião, consagrada como parceira estratégica dos Estados Unidos. Subjacente a esses ousados passos esteve o interesse dos Estados Unidos em respaldar aquele país como contrapeso ao crescente poderio econômico, político e militar da China. Assim é a Realpolitik, há que compreender (como, de resto, fez agora, de sua parte, o governo brasileiro, outrora profundamente crítico da bomba indiana).
O que vem ao caso, com vista à presença de Obama em Brasília, é o fato de que o presidente norte-americano passou a admitir o princípio da ampliação do CSNU - e aí se faz indispensável que Washington proceda a uma cuidadosa, serena e objetiva análise do "caso brasileiro". Para começo de conversa, não faz sentido que, sobre assunto de tão amplas implicações internacionais, se deixe o governo dos Estados Unidos levar pelo inconformismo com o voto brasileiro no caso iraniano. Salta aos olhos que a atitude do governo Lula constituiu fragorosa anomalia, no sentido de que não estava em jogo, no caso, nenhum interesse nacional. Aquela desventurada aventura constituiu grave - mas momentâneo, passageiro - desvio das diretrizes históricas da diplomacia brasileira. Trata-se de episódio isolado e superado, que de modo algum representou alteração de rumos na trajetória do País no plano internacional. O que, sim, vem mudando, e muito rapidamente, na trajetória do País é sua ascensão à condição de ator relevante, em não poucos casos até decisivo, ao largo do amplo espectro de problemas internacionais (e globais) cujo encaminhamento está a exigir pronta reconfiguração dos sistemas decisórios nas Nações Unidas e em outros foros.
É preciso que os Estados Unidos reconheçam, na devida medida, a virtual singularidade do que chamo de "caso brasileiro". Diferentemente da Índia - e da China, e da Rússia, e dos próprios Estados Unidos -, é o Brasil o único país de dimensões continentais, vultosa população e grande e dinâmica economia a situar-se fora (e até longe) dos contextos de tensão geopolítica que marcam outras regiões do mundo. Será que os Estados Unidos estariam agora adotando como critério para seu apoio a uma entrada no CSNU a posse da bomba? Se assim for, o Brasil decididamente não terá jamais títulos para um assento permanente no conselho (nem o terão outros candidatos fortes, como a Alemanha e o Japão). O que singulariza o Brasil é, ao contrário, o fato de viver em região privilegiadamente pacífica, livre de armas de destruição em massa e onde praticamente inexistem riscos de conflitos. Esse privilégio foi em não pequena medida o fruto de mais de um século de hábil e lúcida diplomacia, de resto correspondida por nossos vizinhos.
Mas a diplomacia brasileira nunca esteve confinada ao Hemisfério ou à América Latina. Mesmo antes de lograr a estabilidade democrática e o vigor econômico que agora usufrui, teve desde sempre o Brasil voz ativa e considerável influência nos debates sobre questões de comércio, economia e finanças, desarmamento, não proliferação e variadas outras questões envolvendo a paz e a segurança internacionais. Muito concretamente, tem atuado como bridge builder entre diferentes regiões e fator de conciliação e entendimento em múltiplos foros de toda ordem. Obama, ainda que seguramente popular em nosso país, não é santo nem precisa fazer "milagres" na visita a Brasília. Basta-lhe refletir mais detidamente sobre o que significa - e cada vez mais significará como ator decisivo no plano internacional - o Brasil como economia, nação e Estado. Tal reflexão deveria incluir, no plano propriamente bilateral, a constatação de que houve em anos recentes uma mudança na natureza mesma do relacionamento Brasil-Estados Unidos. Uma nova dinâmica, de crescente mutualidade, vai criando fortes vínculos de entrelaçamento e interdependência: do que decorre substancial ampliação da área de convergência e entendimento, por sobre diferenças pontuais de pontos de vista. A conclusão lógica de uma tal reflexão será o reconhecimento de que o endosso à candidatura brasileira ao conselho só faz consultar os melhores interesses da comunidade internacional - aí incluídos, claro está, também os dos Estados Unidos.
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