quinta-feira, 31 de março de 2011

Esqueça os críticos!

O Wal-Mart é uma grande empresa 
Jack com Suzy Welch
Exame.com.br

O Wal-Mart é uma força do bem ou do mal no mundo?
(Exeter, N.H.)

Essa é uma pergunta que ouvimos diversas vezes nos últimos meses, talvez com uma intensidade maior por parte de estudantes do ensino médio, que costumam fazê-la do jeito que a colocamos aqui, acrescentando em seguida a seguinte observação: “Vocês dizem que os negócios são bons para a sociedade, mas o Wal-Mart a destrói.”

Destrói? De forma alguma.

O Wal-Mart é uma grande empresa. Talvez seja politicamente incorreto dizer isso hoje em dia, mas é verdade. O Wal-Mart ajuda indivíduos, comunidades e todas as economias a prosperarem.

Sim, o Wal-Mart é imenso, e a cada dia cresce mais. Sim, seu modelo de negócio ameaça a concorrência, e seu poder de compra assusta os fornecedores. Todas essas coisas, porém, não tornam a empresa má. Elas a tornam simplesmente em alvo predileto dos críticos que, por razões que só dizem respeito a eles mesmos, não estão dispostos a admitir as muitas formas pelas quais o Wal-Mart melhora a vida das pessoas.

Em primeiro lugar, é evidente que os preços praticados pelo Wal-Mart têm um impacto positivo e de enorme repercussão sobre a vida de milhões de consumidores. Nenhum outro varejista oferece tantos produtos bons por tão pouco, de hortifrútis a material escolar, além de remédios e de acessórios para o lar. Com isso, o Wal-Mart ajuda a manter as despesas domésticas em um patamar baixo de um jeito que nenhum programa social, ou do governo, seria capaz de fazer.

Além disso, o Wal-Mart ajuda os indivíduos de forma mais duradoura e interessante. Ele oferece a seus empregados uma possibilidade incrível de ascensão profissional, mesmo para aqueles com credenciais escolares modestas. São várias as histórias de gente que começou lá de baixo, ou no caixa, e progrediu até chegar a cargos de administração.

Com o crescimento da empresa no mundo todo, um funcionário tem hoje a possibilidade de fazer carreira inicialmente na área de compras, no Texas, passando depois para o setor de logística, no Arkansas, até a nomeação para alguma posição de liderança em divisões da empresa na Europa e na Ásia. Com relação ao treinamento e à oportunidade dada a indivíduos que, de outra maneira, jamais poderiam se libertar de um estilo de vida regido pelo contracheque, só os militares chegam perto do Wal-Mart ao propor às pessoas um mundo totalmente novo de possibilidades.

É claro que os preços baixos do Wal-Mart e sua colossal força de trabalho têm um efeito cumulativo sobre as economias locais e nacionais em que opera. Os preços baixos mantêm a inflação em baixa, enquanto o poder de compra dos empregados mantém a demanda em níveis elevados.

Isso é mau?

Bem, alguns críticos dizem que o Wal-Mart destrói as comunidades, porque acaba com os pequenos varejistas — a farmácia da esquina, a loja de ferragens, de móveis e o mercadinho. Para esses críticos, os comerciantes pequenos eram muito mais atenciosos com os clientes e com os empregados.

Quem afirma isso tem saudade de um tempo que nunca existiu.

É verdade que o Wal-Mart decretou o fim de muitas lojas locais; também é verdade que, em algumas dessas lojas, os clientes eram acolhidos pelo nome logo que entravam. Mas foram esses mesmos clientes que decidiram fazer suas compras no Wal-Mart quando a loja se instalou em sua cidade, possivelmente porque os preços baixos eram mais importantes para a qualidade de vida dessas pessoas do que um aceno e um sorriso. Não há conspiração alguma aí; é o livre mercado em ação.

Quanto ao tratamento mais “generoso” conferido aos empregados — isso é bobagem. Em boa parte das cidades pequenas, os comerciantes eram donos dos melhores carros, viviam nas casas mais bonitas e eram sócios do clube de campo local. Seus empregados, evidentemente, não compartilhavam dessa fartura. Era difícil encontrar quem tivesse seguro de vida ou convênio médico; treinamento e salários altos então eram raridades. Poucos desses comerciantes tinham planos de crescimento ou pensavam em expandir os negócios. Eles tinham a vida “arrumada”. Para eles, isso era ótimo — mas para um empregado que quisesse um trabalho que mudasse sua vida, era um beco sem saída.

Os críticos fustigam também o Wal-Mart por causa da atitude implacável da loja em relação aos fornecedores. Eles dizem que é difícil negociar com uma empresa que “domina” os canais de negociação. Qualquer coisa que alguém queira vender ao Wal-Mart, seja um balanço de parque ou uma peça de carne seca, terá de se conformar com os termos da loja, ou então não venderá coisa alguma.

Temos de reconhecer que há muito de verdade nisso tudo.

A enorme participação de mercado do Wal-Mart dá à empresa uma alavancagem significativa em relação à concorrência. No entanto, durante todo o tempo que negociei com a loja quando trabalhava na General Electric, por exemplo, os compradores da empresa nunca foram antiéticos ou parciais. Eles eram duros. A General Electric ganhou várias negociações com o Wal-Mart e perdeu algumas. Mas perder tem o seu lado positivo também. A GE foi obrigada a olhar para dentro de si mesma e ver de que modo poderia melhorar seu estilo de trabalho — baixando os custos de fabricação, por exemplo, ou sendo mais flexível na hora de projetar ou embalar um produto.

Por fim, os preços permaneceram baixos e o cliente saiu ganhando. É isso que move o Wal-Mart — manter o cliente satisfeito — e essa é a razão pela qual as vendas e os lucros da empresa não param de crescer.

Sim, alguns sairão “feridos” em razão do sucesso do Wal-Mart. Haverá concorrentes que abraçarão o modelo de negócios da empresa, e as demissões virão. Nisso, porém, o Wal-Mart em nada difere da Toyota no setor automotivo.

Quando a Toyota surgiu na década de 1970, foi igualmente acusada de pôr de cabeça para baixo o status quo. Com o passar do tempo, muita gente se deu conta de que a Toyota tinha simplesmente um jeito melhor de fazer negócios. A proposta de valor que ela fez ao consumidor elevou os padrões da indústria como um todo, obrigando as companhias que haviam perdido a liderança na fabricação e no design de automóveis a acordar e a reinventar seus processos. Elas começaram então a fabricar carros melhores por muito menos.

A Toyota foi um agente de mudanças e, como tal, fez muito mais pela sociedade do que qualquer empresa negligente.

Essa é também a história do Wal-Mart. Trata-se de uma grande empresa, que ajuda consumidores e empregados a ganhar e a crescer. Se continuar sempre assim, o mesmo acontecerá a ela — aliás, merecidamente.
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