sábado, 24 de abril de 2010

'Anos dourados' à frente para a América Latina?


O texto abaixo é muito significativo. Requer uma leitura atenta e reflexiva.
Redistribuição de renda, educação e governança pública são os tópicos nas entrelinhas. Para estes é fundamental que se tenha uma sociedade participativa e, sobretudo, madura o que não vem a ser o nosso caso especialmente em função de nossa herança comum, o patrimonialismo.

Neste particular, observa-se, cada vez mais, que Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, Bolívia, Equador, Peru e, muito mais que todos, Venezuela, conduzem modelos de governo com fortissimos pendores populistas. Dá-se o peixe em detrimento do ensino da atividade da pesca, o que leva o cidadão à eterna dependência do que o Estado e a Igreja (esta muito forte no século passado) diria o que era melhor para o cidadão.

Ainda neste mister, o próprio autor ressalta que "... as melhorias de políticas elencadas por ele levarão muito tempo para produzir diferenças significativas no bem-estar médio da população." O que equivale a dizer que não são decisões de foro político que farão uma economia e os índices de desenvolvimento crescerem e sim a Economia e o Mercado em si. E não adianta culpar o neoliberalismo por um simples motivo: Tudo o que é produzido nos países da América Latina é produzido na África e Ásia de forma mais barata e competitiva, principalmente em função do reduzido papel sindical e populista no custo da mão-de-obra, somente a título de exemplo.

Por fim, a riqueza no solo não é sinal de desenvolvimento ou de possibilidade se o povo não for maduro o suficiente para fiscalizar e impor sua vontade aos governantes. A Argentina, a Venezuela e a Bolívia possuem grandes quantidades de riquezas minerais e não conseguem avançar nos índices de desenvolvimento. Assim, há que se refletir em torno dos fatores subjacentes que impedem o avanço sustentável do continente.



'Anos dourados' à frente para a América Latina?


O Banco Mundial tem divulgado uma série de artigos (Economic Premise) dedicados à redução da pobreza e à administração econômica. O n.º 10, deste mês, traz o título A brave new world for Latin America. Assinado por Marcelo M. Giugale, o artigo assegura que a agenda econômica do continente mudará em futuro breve.

Assim, a política fiscal dos governos será monitorada "mais independentemente" com uma inclinação mais "contracíclica"; a regulamentação financeira será "mais rigorosa" e menos afinada com um "único modelo internacional" (referência, talvez, ao chamado modelo de Washington?); a inovação estará no centro das estratégias de comércio; os programas sociais serão orientados para oferecer igualdade de oportunidades (equity), mais do que simplesmente igualdade (equality); mais agências governamentais serão administradas com vistas, principalmente, para o resultado da sua atuação, "iniciando um longo processo de ganhar a confiança dos cidadãos".

Esse admirável mundo novo, que levaria a América Latina a assumir "um papel global bem maior", será "liderado pelo Brasil" (...)"os latino-americanos estarão em trajetória de desenvolvimento muito mais rápida".

Estatísticas levantadas pelo autor do artigo evidenciam, porém, que as melhorias de políticas elencadas por ele levarão muito tempo para produzir diferenças significativas no bem-estar médio da população.

Duas merecem menção: a dos dispêndios em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a do índice de igualitarismo socioeconômico (coeficiente de Gini). 

Na primeira, o dispêndio dos principais países do continente em P&D fica abaixo de 1% e de 0,5% do PIB per capita, enquanto o de países líderes nesse quesito se aproxima de 4%, com destaque para o de Israel, que quase chega a 5% do PIB per capita.

Na segunda, vê-se que, antes e depois da implantação de políticas públicas de transferência de renda, o coeficiente de Gini pouco se modificou na América Latina em geral e nos seus principais países aquecendo o debate sobre qual a melhor política pública: a redistributiva ou a incentivadora dos negócios privados?
(...)

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