sexta-feira, 23 de abril de 2010

Exclusão digital pode prejudicar economia brasileira


Vamos supor que haja acesso. O que fariam os com acesso se continuarem não tendo energia com fornecimento regular e de qualidade? Será que a partir das lan houses da casa do c...eles irão ter melhores acessos à saúde pública? saneamento? a banda larga também estará apta ao teletransporte? pois em muitos lugares as estradas não chegam, tampouco o que tem consegue ter um trânsito regular de bens e de serviços.

Será mesmo que nossa economia ficará comprometida se não houver banda larga para todos? será que estes jornalistas já pararam para ver quais são os links mais acessados de nossos digitalmente incluídos? será que, a partir desta realidade ele, de fato, pode asseverar que ao se ampliar o acesso a economia terá um aumento significativo?

A questão dessas pesquisas e reportagens genéricas, comparando elementos de bases diferentes, nos impede de ver a realidade da forma como ela realmente é. Assim, usar a Coréia do Sul como parâmetro comparativo é bobagem. Usar qualquer país do elenco do G20 não nos trará nenhuma base segura para se tomar decisões.

Antes do acesso digital melhorar, substanciamente nossa economia vários elementos dela participantes precisam melhorar significativamente. Acesso à educação de qualidade, diminuição da evasão escolar, melhoria em saúde, saneamento, infra-estrutura, aumento da confiabilidade nas instituições públicas, educar o cidadão a participar de uma governança pública para coibir desvios, investimentos adequados, diminuir-se os apadrinhamentos e empreguismo ( a titulo de exemplo haverá uma redução nos orçamentos públicos em até 40% e a maioria será em "investimentos", preservando-se as despesas correntes, gastos com folhas de pagamento etc etc, denotando que o país prossegue com vulto e movimentos paquidérmicos) e aí, um jornalista traduz uma matéria que não se encaixa em nossa idiossincrasia no afã de ficar bem na foto. 

Este tipo de reportagem é uma "deseducação" pública. O país teve um amplo acesso à informação nos últimos dez anos e pouca coisa mudou nos indicadores econômicos (95% de lares com televisão; 98% de lares com rádios, jornais custando até trinta centavos e um boom de 160 milhões de linhas de celulares em uma população de 200 milhões de habitantes - claro está que este é o mais inferente dos parâmetros pois há pessoas com mais de quatro linhas celulares e os 160 não significam que os 160 milhões de habitantes tenham linhas celulares-). Se pouca coisa mudou como é que incluindo-se digitalmente os excluídos eles melhorarão a Economia Nacional, com base em que parâmetros históricos domésticos?




De acordo com dados do IBGE, mais de 65% dos brasileiros com mais de dez anos de idade não acessam a rede mundial, sendo que a grande maioria destes (60%) não o faz por não saber como ou por não ter acesso a computadores.
O número de desconectados no Brasil é muito maior, por exemplo, que o da Coreia do Sul - onde quase 78% da população tem acesso à rede -, que de grande parte dos países da Europa Ocidental e até mesmo que o do Uruguai, onde cerca de 40% das pessoas acessa a internet.
A situação do acesso a conexões de banda larga, fundamentais para que se possa aproveitar todas as possibilidades multimídia da internet, ainda é mais grave.
A União Internacional de Telecomunicações, agência da ONU para questões de comunicação e tecnologia, estima que apenas 5,26% dos brasileiros tenham acesso a conexões rápidas.
O número é bem inferior à penetração da banda larga na Argentina, que é de 7,99%, Chile, onde a penetração é de 8,49%, e México, onde este índice é de 7%.
Com o objetivo de corrigir este déficit, o governo chegou a anunciar um Plano Nacional de Banda Larga, que pretende elevar a penetração das conexões rápidas no país para 45% até 2014. A implementação do programa, no entanto, deve ficar para o próximo governo.
Desenvolvimento e preço
Mas não é só no ranking de penetração de banda larga que o Brasil está atrás de países com estrutura e economia similares.
Um estudo divulgado pela União Internacional de Telecomunicações no final de fevereiro coloca o Brasil atrás de Argentina, Uruguai, Chile e até Trinidad e Tobago em um ranking de desenvolvimento de Tecnologias de Informação e Comunicação, área conhecida pela sigla TIC.
Entre os motivos que levam o Brasil a registrar tal atraso estão problemas institucionais, de infraestrutura e as dimensões territoriais do país, que dificultam a instalação de uma grande rede de banda larga, por exemplo.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil, no entanto, apontam os altos custos de conexão como um dos principais entraves para que a maioria dos brasileiros tenha acesso à internet.
“O Brasil tem os custos de conexão mais caros do planeta. Hoje, nosso maior problema de infraestrutura é o ‘custo Brasil de telecomunicação’ e, este é um dos grandes problemas para aumentar o uso da internet”, diz o sociólogo Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC e ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, órgão ligado à Casa Civil da Presidência da República.
De fato, a União Internacional de Telecomunicações aponta que Brasil está no grupo de países onde mais se paga para ter acesso a serviços como internet, telefone fixo e celular.
José Carlos Cavalcanti, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco e ex-secretário executivo de Tecnologia, Inovação e Ensino Superior do Estado, atribui os custos à elevada carga tributária e diz que pequenas variações no preço de acesso à internet poderiam já ter impacto na demanda.
“Para cada 1% de redução no preço de um computador ou na tarifa de internet, a demanda aumenta 0,5%. Já se houver um aumento de 1% na renda das pessoas, a demanda aumenta 0,5%”, diz Cavalcanti, citando um estudo de 2006 conduzido por ele para a Microsoft.
Crescimento perdido
É difícil mensurar o quanto o Brasil vem perdendo em termos de crescimento econômico e de empregos com este atraso.
Dados da consultoria McKinsey&Company, no entanto, apontam que um aumento de 10% nas conexões de banda larga pode levar a um crescimento entre 0,1% e 1,4% no PIB de um país. Uma outra pesquisa, do Banco Mundial, indica que este crescimento pode ser de 1,38% em países subdesenvolvidos.
Segundo a pesquisa da McKinsey, este crescimento econômico se dá por cinco fatores: primeiro devido ao impacto direto do investimento na rede de banda larga, depois pelo efeito da melhoria na indústria, seguido por aumento nos investimentos estrangeiros diretos e na produtividade e por uma melhora no acesso da população a informações.
O mesmo estudo diz que se a penetração da banda larga na América Latina atingisse o mesmo nível da Europa Ocidental, 1,7 milhão de empregos poderiam ser criados na região.
Autor de estimativas mais cautelosas, Raul Katz, professor da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, afirma que se o Brasil superasse seu déficit de banda larga – que ele estima ser de 5 milhões de conexões – nosso PIB poderia ter um crescimento de 0,08 pontos percentuais.
'PIB, PIB Virtual e FIB'
Mas não é só crescimento do PIB que o Brasil perde com o fato de a maior parte de sua população ainda estar desconectada.
Para Gilson Schwartz, coordenador do centro de pesquisas Cidade do Conhecimento, da Universidade de São Paulo, esta perda causada pela desconectividade se dá em três categorias distintas.
A primeira é a perda em termos de emprego e renda. Outra categoria, mais difícil de mensurar, é o que ele chama de ‘PIB virtual’, ou seja, toda a produção, negócios e os serviços que poderiam ser feitos completamente dentro da rede e que não são feitos devido aos altos níveis de desconexão.
Schwartz aponta ainda que as dificuldades de acesso à internet no Brasil trazem perdas em um “campo social, que mistura entretenimento, sexualidade, cidadania e identidade”.
“Quando você não tem banda larga, desenvolvimento digital, você está tirando trabalho e lazer. Nesse sentido você pode dizer que o déficit provocado pelo atraso digital é ainda maior do que o de qualquer setor tradicional”, diz.
“Sem dúvida alguma, sociabilidade, sexualidade, amizade e alegria estão cada vez mais disponíveis nas novas mídias, e quem não está acessando isso está perdendo aquele outro PIB, o FIB, felicidade interna bruta. Assim (com a exclusão digital), a gente perde no PIB, no PIB virtual e no FIB”.
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Um comentário:

  1. Sou otimista e prevejo grandes mudanças sociais e economicas à medida que o uso da banda larga cresça. Análises jornalísticas entre nós são superficiais e mesmo o "jornalismo econômico" comumente é papo furado. Temos que começar por algum lugar a democratizar o Brasil e o acesso à banda larga é adequado: assim o cidadão melhor informado exercerá sua escolha judiciosa. Computadores e banda larga são ideais - por causa da larga escala que diminui custos per capita. Sou otimista.

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