Dois eventos próximos, conexos e dependentes entre si foram veiculados para todo o país e para o mundo. O primeiro foi o show de egoísmo explícito dado por artistas e cidadãos cariocas no movimento que subtraiu horas de trabalho da economia local para se dar lugar a um mega evento com passeatas e muito “non sense” sendo expargido com ares de “cult”. A passeata contra a divisão dos royalties da futura exploração do pré-sal.
O segundo evento foi a catástrofe causada pelas chuvas torrenciais nas duas principais cidades fluminenses. O que ambas tem em comum, em uma análise imediata: A primeira, a falta de investimentos em saneamento e saúde públicas e plano diretor de assentamentos de moradias, ambos evidenciados pela tragédia. A segunda tem a ver com os recursos que não são investidos por alocação de verbas oriundas, do já explorado petróleo, em pagamento de pessoal e despesas correntes, demonstrando o inchaço da ineficiente máquina pública, não só fluminense como de todo o país.
Este evento foi de suma importância para toda a sociedade brasileira. Pena que as catástrofes fluminenses, dado o vulto e pujança da tragédia, tiraram o brilho e intensidade necessários para que a sociedade viesse a se interessar e discutir com mais profundidade caso, também, tivesse uma mídia que ajudasse a esclarecer ao invés de pipocar luzes de ribalta, fofocas e casuísmos em torno do tema.
Evidencia-se, ainda, a ineficácia com a qual os recursos do já explorado petróleo vêm sendo prevalente. A questão de despesas de pagamento de pessoal e de despesas correntes são mais prioritárias, principalmente na máquina pública federal e vem esmagando a despesas de investimentos. Ninguém reclama de estar num emprego público, ou "calbide" de um DAS, ou recebendo via uma ONG qualquer (o que amplia, substancialmente as despesas com pagamento de pessoal), mas vai às ruas reclamar da falta de investimentos públicos principalmente durante enchentes. É nossa idiossincrasia e achar que o problema é o outro.
Eu mantenho minha defesa pelo desenvolvimento social e econômico amplo, harmônico, em todos os estados e os 5640 municípios. Os demais estados não têm a mesma condição de gerar riquezas como as tem Rio, E Santo, São Paulo, Minas e RGS. Se não dividirmos o bolo, sem antes sanearmos a ineficiência e os desvios, os governantes do interior do país, se conseguissem sobreviver aos inimigos íntimos ambientalistas, vão ficar sem condições de reter seu cidadão em sua cidade, lhe proporcionar meios de se ter uma vida digna e ajudar a desenvolver o país. Ao contrário, ele terá que buscar melhores condições nas grandes cidades, viver nos bolsões marginais, com doenças gerando despesas para o sistema de Saúde local, com forte aumento de despesas o que dificulta, mais ainda, recursos para investimentos e, como conseqüência, sem ter capacidade de concorrer a um posto de trabalho –por não ter tido condições de se educar em sua região de origem- vai para as ruas engordar as estatísticas de crimes urbanos. O que viria, em termos de mobilização social se tudo se mantém ocorrendo? É culpa do governo e dos políticos. Mas como, de onde sairiam os recursos para se mitigar tais problemas – considerando-se o longo prazo da proposta – se quem tem um mínimo de condições intelectuais para se entender este complexo fenômeno prefere ser egoísta e de visão muito curta?
Tudo isto retrata nossa dificuldade em viver uma democracia participativa, ir além do ato do votar. Democracia dá um trabalho enorme, exige que o cidadão consciente esteja acompanhando projetos e demais propostas instucionais que viabilizem o desenvolvimento harmônico da sociedade, contudo, com a nossa histórica "síndrome do procurador, do despachante" votamos como assinamos uma procuração para que o político ou o preposto se vire e resolva nosso problema. Ainda precisamos amadurecer muito para conseguir chegar e viver como uma quinta economia competitiva. Os eventos acima descrito ressaltam que não adianta ter riqueza disponível. Nossa postura omissa como sociedade não só desperdiça tais riquezas como também aumenta os gastos de manutenção coibindo investimentos para nos preparar para o futuro.
Enfim, nós perdemos nossa capacidade de pensar no coletivo, se é que já a tivemos algum dia, e pensar no desenvolvimento de longo prazo. Cada qual pensa em si e o resto...bem o resto é problema do Governo!!
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[o show de egoísmo explícito dado por artistas e cidadãos cariocas no movimento que subtraiu horas de trabalho da economia local para se dar lugar a um mega evento com passeatas e muito “non sense” sendo expargido com ares de “cult”.]
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Isso não é novidade... sempre foi "comum".
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Abração, primo.